Entre as maravilhosas transformações dos últimos tempos estão os meios de comunicação. Por eles podemos entrar em contato universal para levar a alegria de viver, o gosto e o prazer de encontrar as pessoas e oferecer-lhes nosso serviço fraterno. Não existem mais distâncias. Não resolve lamentar se são usados para outros fins. O que é bom é usá-los para o bem. Por eles a Palavra de Deus se tornou muito mais presente e acessível às pessoas. Infelizmente não estamos interessados em usar todo esse potencial para que Deus seja mais conhecido e mais amado nas pessoas a quem servimos. Imaginemos Jesus com todos os esses meios em suas mãos! O que não faria? Por que sua palavra era tão forte? O segredo de sua força era falar em nome de Deus: “Não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, me prescreveu o que dizer e o que falar e sei que seu preceito é a vida eterna. O que digo, portanto, eu o digo como o Pai me disse” (Jo 12,49-50). A força na palavra de Jesus provinha de falar em nome do Pai e em união a Ele. Sua humanidade era corroborada pela Divindade. Essa foi a força dos profetas, como podemos ver no livro profeta Amós: “O Senhor chamou-me quando eu tangia o rebanho e me disse: ‘Vai profetizar para Israel meu povo’” (Am 7,15). Lembramos o que disse Jeremias que não queria mais falar em nome de Deus. Mas não conseguia porque era um fogo que estava dentro de seus ossos. Não conseguia parar de falar em nome de Deus (Jr 20,9). Se falarmos só de nós mesmos podemos prejudicar o povo mais do que a ação do maligno, pois enganamos usando o nome de Deus. É no contato com Ele que somos enviados para anunciar.
A palavra não é escrava
A carta aos Hebreus nos mostra a solene força da Palavra: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes... Ela julga as disposições e as intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença. Tudo está nú e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas” (Hb 4, 12-13). Falamos em nome de Deus, mas não somos donos da Palavra, mas sim servidores. Primeiro precisamos nos converter a Deus através da Palavra, para depois abri-la aos que procuram a Deus. Usar a Palavra a nosso serviço é um tipo de idolatria. Idolatria é servir-se da Palavra para aprovar nossas ideias, mas servi-la como alimento, pois é pão. Ela é viva e tem força. Basear-se na Palavra não é fazê-la dizer o que queremos. Mas querer o que ela manda dizer para nossa conversão, pois o pregador pecador é seu primeiro ouvinte.
Mensagem para a Vida
Jesus que ora falava às multidões, ora ao grupo dos discípulos, ora mantinha um diálogo pessoal, como lemos no 3º capítulo do evangelho de João em seu encontro com Nicodemos. O contato pessoal nunca pode ser omitido. Podemos até dizer que esse contato em uma situação de necessidade ou mesmo por amizade, vale mais que inúmeros sermões. É contato de vida que dá vida. É função dos responsáveis pela comunidade, mas é também um dom que é dado a todos. É um direito e um dever. Por que as palavras de Jesus agradavam ao povo? Porque eram palavras que nasciam da vida, não só discursos sem fundamento na Palavra como acusava os fariseus: “O que ensinam são mandamentos humanos. Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos homens” (Mc 7,7-8). Somos convidados a dar nova vida à comunicação da Palavra de Deus.
ARTIGO PUBLICADO EM JULHO DE 2012
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