Evangelho segundo São Mateus 9,1-8.
Naquele tempo, Jesus subiu para um barco, atravessou o mar e foi para a cidade de Cafarnaum.
Apresentaram-Lhe então um paralítico que jazia numa enxerga. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, tem confiança; os teus pecados estão perdoados».
Alguns escribas disseram para consigo: «Este homem está a blasfemar».
Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: «Porque pensais mal em vossos corações?
Na verdade, que é mais fácil: dizer: "Os teus pecados estão perdoados" ou dizer: "Levanta-te e anda"?
Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na Terra o poder de perdoar os pecados, levanta-te», disse Ele ao paralítico, «toma a tua enxerga e vai para casa».
O homem levantou-se e foi para casa.
Ao ver isto, a multidão ficou cheia de temor e glorificava a Deus por ter dado tal poder aos homens.
Tradução litúrgica da Bíblia
(335-395)
Monge, bispo
«Levanta-te e vem»
«Levanta-te! Anda, vem daí…» (Cant 2,10)
Não chega levantares-te da tua queda, diz [o Esposo], avança e progride no Bem até ao fim do teu caminho na virtude. É isto que nos ensina a história do paralítico: o Verbo não Se contenta em o fazer levantar da sua enxerga, mas ordena-lhe que ande (cf Mt 9,5). O movimento da marcha significa, penso eu, a progressão e o crescimento no Bem.
«Levanta-te! Anda, vem daí…»: quanto poder existe nesta ordem! A voz de Deus é verdadeiramente uma voz poderosa, como diz o salmista: «Faz ouvir a sua voz, que é poderosa» (Sl 67,34) e: «Ele disse e tudo foi feito, Ele ordenou e tudo foi criado» (Sl 32,9). No nosso texto também Ele diz àquela que está deitada: «Levanta-te! Anda, vem daí…» e, sem demora, a sua palavra torna-se ato. Porque, mal recebe o poder do Verbo, ela testemunha o próprio Verbo que a chama quando diz: «Levanta-te! Anda, vem daí, minha bela amada! Minha pomba…» (cf Ct 2,13-14).
Da mesma forma que o Esposo tinha tomado a aparência da serpente quando ela jazia no chão e nele fixava os olhos, assim também, quando se levanta e volta o seu rosto para o Bem, voltando as costas ao mal, ela toma a aparência daquilo para que se voltou. Ela volta-se para o arquétipo da beleza; por isso, aproximando-se da luz, torna-se luz. E, na luz, reflete a bela forma da pomba, essa pomba cuja forma revela a presença do Espírito Santo.
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