quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Não tenhais medo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
O Senhor está a meu lado
 
Vivemos tempos de insegurança. A leitura do profeta Jeremias retrata a situação de um homem que, se por um lado é seduzido por Deus como um fogo que ardia dentro dos ossos (Jr 20,7.9), por outro lado é vítima de uma perseguição por causa da profecia. O salmo reza essa situação: “Pois o meu zelo e meu amor por vossa casa me devoram como fogo abrasador” (Sl. 68). Essa situação de dificuldades é a oportunidade de ter a certeza da presença do Senhor: “Mas o Senhor está ao meu lado como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos” (Jr20,11). Essa temática do medo das dificuldades é retomada por Jesus: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” (Mt 10,28). Se o Senhor está ao lado do discípulo, ele não deve temer proclamar a verdade. É preciso não ter medo e proclamar sobre os telhados. A mensagem de Jesus é luz que não pode ser colocada debaixo da mesa. Jesus fez essa experiência. Foi perseguido por causa da Palavra. Jesus e Jeremias têm a consciência de terem Deus a seu lado: Ele é sempre o Emanuel, o Deus conosco. Jesus ensina que não devemos ter medo dos que matam o corpo, pois a morte tem sentido para Deus que se preocupa com cada um, muito mais do que com pardais que caem no chão. Se o fio de cabelo tem valor, quanto mais valemos nós! A consciência da presença do Senhor é o que dá vida aos pregadores do evangelho que não tem medo do sofrimento ou da morte. Deus é solidário com o que sofre por causa da justiça. O sofrimento é um momento de culto a Deus, como diz o profeta: “Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus” (Jr 20,13). 
A quem devemos temer 
Há um inimigo a ser temido, o que “pode destruir a alma e o corpo no inferno” (Mt 10,28). O homem não pode jogar o outro na geena. Geena era o lixão da cidade, onde havia um fogo permanente. Adaptou-se a palavra a Inferno. O que se deve temer é a morte da alma, e assim ser lançado por uma escolha de excluir Deus da própria vida. Tirada a fonte, morre a vida divina em nós. A sociedade procura fazer desaparecer Deus de sua vida. Isso se torna leis em parlamentos, nas empresas que se coligam para tirar a marca da fé das culturas. Assim os corações murcham no calor da descrença. Na escola, falar de Deus é violentar a liberdade, ofender outros credos, criar tabus. Certamente podemos falar de modo mais ecumênico, pois a verdade do Evangelho não se prende a nenhuma cultura, a não ser como meio que Deus usou para se encarnar. Diante deste distanciamento de Deus, podemos nos envergonhar de falar de Jesus. Nisso perdemos, pois Ele nos negará diante do Pai (Mt 10,33). Ele falará de nós, se falarmos dele. 
Vivendo o tempo da graça 
Cercados por esse mistério de iniquidade e morte, temos consciência de que a graça é mais abundante. Paulo afirma: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundancia sobre todos” (Rm 5,15). O fiel cristão pode ficar sem medo, pois a graça de Cristo é muito maior que todos os medos que possamos ter. Diante dos medos, o que se pede aos cristãos é que tenham a confiança como arma. Por mais que seja difícil, nenhuma luta é estéril. O amor a Cristo rompe o circulo vicioso dos temores e infunde a força de vencer. A consciência da posse que Deus tem de nós garante nossos momentos de cruz. 
Leituras: Jeremias 20,10-13;Salmo 68; 
Romanos 5,12-15;Mateus 10,26-33. 
1. Há nas leituras de hoje a figura do medo. Jesus insiste para que não tenhamos medo. Mas o profeta Jeremias e o próprio Jesus ressentem deste problema, mesmo tendo a experiência de Deus marcando sua vida. Por outro lado sentem a presença de Deu a seu lado. Não devemos temer quem mata o corpo, pois Deus se ocupa de cada um, mais do que de pardais ou fios de cabelos. O discípulo é convidado a anunciar, mesmo que lhe custe. Por isso Jesus insiste para que não tenham medo. 
2. Devemos ter medo de quem “pode lançar a alma e o corpo no inferno”. O homem não pode jogar o outro na geena. Matar a alma é por uma escolha de aniquilar Deus da vida. Tirada a fonte, morre a vida divina em nós. A sociedade quer fazer desaparecer Deus de sua vida. Não podemos nos envergonhar de falar de Jesus. Se o negarmos, Ele nos negará diante do Pai. Falará de nós, se falarmos dele. 
3. No meio de tanta iniquidade, temos consciência de que a graça é mais abundante através de Jesus Cristo. O fiel pode ficar sem medo, pois a graça é muito maior que todos os medos que possamos enfrentar. A confiança é a arma. O amor a Cristo rompe o círculo vicioso dos temores e infunde a graça de vencer. 
Medo de assombração 
Como assombração não existe (além daquela que vemos no espelho), não devemos ter medo de nada. Jesus fala que só temos que ter medo de quem pode matar a alma. Nascemos para o Céu e não para o Inferno. Já temos o Céu, basta não jogar fora. Por que ter medo, se Deus está comigo e ao nosso lado? Se estivermos do lado dele, Ele está por nós. Não há com que se preocupar. Jesus faz uma comparação: Nenhum pardal cai sem a permissão do Pai. Até os cabelos da cabeça estão contados. “Vós valeis mais que muitos pardais”. A garantia de estar do lado de Jesus é se declarar por Ele. Aí, Ele se declara por nós e garante a gente junto do Pai 
Homilia do 12º Domingo Comum(22.06.2008)

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