Obteve do Pape Pascal II as Bulas que confirmavam a primacia de Braga sobres todas as dioceses sufragâneas, tais como Porto, Coimbra, Viseu, Lamego, mas também algumas na actual Espanha, como Orense, Mondondedo, Lugo e Astorga, entre outras.
Depois da influência tão benéfica do monaquismo, como foi dito de São Frutuoso de Braga, , maior expansão ganhou ainda aquela força espiritual e social, educadora e directora da Europa, durante séculos, com o S. Geraldo, bispo de Bragaaparecimento da reforma de Cluny, inspiração da grande alma de S. Bernardo. Ainda em sua vida eram já cinco, só na Galiza, os mosteiros desta regra, cujos monges se notabilizaram, em virtude e saber, em grande número e por toda a parte.
Um deles foi Geraldo, mais outro antístite bracarense vindo do estrangeiro, nascido de família nobre e altamente religiosa, na diocese de Cahors, na França. Apenas feita a profissão religiosa na abadia clunyacense de Moissac, foi nomeado visitador de vários mosteiros. Eleito pouco depois e confirmado arcebispo de Braga; dirige-se à sua Sé, onde trata de levantar e prestigiar o nível cultural, religioso e moral do clero e do povo. Não lhe merece menos cuidado a harmonia e a concórdia com o poder civil e dioceses circunvizinhas e consequentemente a primazia que, sobre elas, compete à de Braga.
Para que tudo surta os devidos e legítimos efeitos, vai duas vezes a Roma, e consegue de Pascal II várias bulas em confirmação das planeadas reformas e, mais explicitamente, a designação de todas as dioceses sufragâneas de Braga, que são todas estas: Astorga, Lugo, Tuy, Mondonhedo e Orense, mais o Porto e Coimbra, com Viseu e Lamego.
Com o coração e zelo não menores que a extensão de todos estes territórios, votou-se são Geraldo ao cultivo espiritual da sua própria arquidiocese, na elevada formação do clero como na instrução religiosa do povo. Para atender a tudo e a todos, não duvida deslocar-se a qualquer distância, como a que vai até Bornes, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, para aí consagrar uma igreja, pregar e administrar o Crisma.
Com este e semelhantes trabalhos, lá o colheu a última doença, vindo a falecer a 5 de Dezembro de 1108. Transladado para Braga e desde logo aureolado com a fama de insigne santidade, ficou também sendo um dos patronos da cidade e arquidiocese, com os santos Martinho, Frutuoso e Vítor.
Depois da invasão árabe, Braga foi restaurada como diocese com o bispo D. Pedro, em 1070, e como metrópole (arcebispado) com S. Geraldo, em 1101. O conde portucalense D. Henrique, parente de santo Hugo, abade de Cluny, interessou-se por que ficasse a ocupar a Sé de Braga o monge clunyacense Geraldo. Este Santo, já no ano de 1182 aparece mencionado como padroeiro da mesma arquidiocese. Agora, é-o apenas da cidade de Braga.
José Leite, sj
Santos de cada dia, vol. III.
Editorial A. O. Braga.
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