domingo, 6 de novembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Só a Deus adorarás”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
As tentações do Filho de Deus
 
“O Espírito conduziu Jesus ao deserto para ser tentado pelo diabo” (Mt 4,1). O Espírito é o Guia divino de Jesus em sua humanidade. 40 dias Jesus está ali, diante do Pai, meditando sua Palavra. O número 40 é simbólico. É o tempo de Deus para o povo. Jesus sente fome. O tentador sempre busca levar o homem ao inútil de sua vida. Ali está o Filho de Deus ouvindo o tentador que lhe põe em dúvida algo grande: “Se és o Filho de Deus...”. Se... Não o sabia? Aquele homem frágil pode ser Deus? A carne de Jesus encobre a divindade até ao Diabo. É preciso fé para crer. As três tentações são a síntese de todas as tentações que o tentador pode nos infligir. Curiosamente, a tentação de comer a fruta oferecida a Eva, resume tudo: “A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente aos olhos e desejável para se alcançar o conhecimento” (Gn 2,6). João, em sua primeira carta, escreve: “O que há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e orgulho das riquezas” (1Jo 2,16). É a sensualidade, a sedução das aparências e o orgulho resultante da posse dos bens terrenos. O povo, no deserto, passa pelas mesmas tentações. A primeira tentação oferece o pão: “Diga que essas pedras se transformem em pães!” Jesus responde: “Não só de Pão vive o homem”. No mundo só se vive para buscar posse dos bens. Mas sem a Palavra o mundo passa fome. A ganância é diabólica. A segunda tentação: “O demônio leva Jesus ao ponto mais alto do templo e diz: ‘lança-te daqui abaixo... pois os anjos te tomarão nas mãos’”. Jesus responde: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”. O poder e o milagre fascinam as pessoas que chegam a usar a Palavra para seu fim. O diabo conhece bem a Bíblia. Mas não basta, é preciso não tentar a Deus. A terceira tentação atinge o máximo das ambições: “Tudo isso será teu, se te ajoelhares para me adorar”. A reposta: “Adorarás o Senhor, teu Deus e somente a Ele prestarás culto”! Vemos que hoje se adora tudo. A ganância prazer abafa o caminho para adorar a Deus. O demônio é frágil e medroso. Basta dizer não, como o fez Jesus, que se afasta, até a outra vez. 
O dom superabundante da graça 
O pecado de Adão resume todos os pecados. É a raiz, como lemos nas tentações de Jesus. Mas a graça é o primeiro dom no qual foi criado o homem e para o qual é destinado. Fora feito do barro, recebeu sopro de vida e foi colocado no Jardim (Paraíso) para cultivá-lo. Rebela-se contra seu Criador. O Filho, pela obediência ao Pai, não come o fruto, mas, pregado na cruz, árvore da vida, é o Fruto bendito que se dá a comer para que todos tenham vida e a imortalidade. Paulo faz a comparação entre o primeiro e o segundo Adão, Jesus. Por este, temos a abundância da graça, na situação de justiça-santidade. Assim podemos fazer o retorno ao Paraíso, podendo comer da árvore da vida, pois, em Cristo, o homem obedeceu e foi agraciado com o sopro do Espírito que lhe dá a vida imortal. 
O sacramento da Quaresma 
A oração da missa reza no texto em latim: “celebrando o sacramento da Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”. Não é só um tempo de devoção, orações, mas tem uma força de renovação sacramental que é sustentada pelos sacramentos pascais (Batismo, Penitência e Eucaristia). Para isso temos as leituras, neste ano, sob o prisma batismal, como veremos. Se buscarmos a Palavra, a fraternidade e os Sacramentos, estaremos vencendo as tentações e seremos saciados pela graça abundante da Páscoa de Cristo. 
Leituras:Gênesis 2,7-9;3,1-7;Salmo 50; 
Romanos 5,2.17-19; Mateus 4,1-11 
1. O Espírito conduziu Jesus ao deserto para ser tentado (Mt 4,1). 40 dias é um número simbólico. É o tempo de Deus para seu povo. A grande tentação é colocar em dúvida a realidade de Jesus: “Se és Deus...”. As três tentações são a síntese de todas as tentações. Assim foi tentada Eva. João descreve que é o que há no mundo: sensualidade, sedução das aparências e orgulho das riquezas. É a tentação de Jesus: o pão (bens materiais), poder (milagres, aparências) e o prazer (bens do mundo). Jesus responde com a Palavra de Deus, com a humildade e a adoração. O demônio é frágil. Basta dizer “não”, que ele se vai (esperando a outra chance) 
2. O pecado de Adão resume todos os pecados e é a raiz. Mas a graça é o primeiro dom no qual o homem foi criado e para o qual é destinado. Adão rebelou-se pelo nada. Cristo, novo Adão, pela obediência, não come do fruto. Pregado na cruz, árvore da vida, é o fruto bendito que se dá a comer para que todos tenham vida. Paulo diz que, por Cristo, temos a abundância maior do que a desgraça do pecado. 
3. A oração da missa reza (no texto em latim) que celebramos o sacramento da Quaresma. É um tempo que tem força sacramental de purificação e transformação. Se buscarmos a Palavra, a fraternidade e os sacramentos ,estaremos vencendo as tentações e seremos saciados pela graça abundante da Páscoa de Cristo. 
Espeto do capeta 
O evangelho desse domingo traz-nos a reflexão sobre a tentação. O homem é frágil, feito de barro, quer dizer, pode ser tentado. Por isso Jesus o foi. Ele não tinha pecado. Mas teve a tentação. O pecado entrou no mundo pelo pecado de Adão. Todos os pecados se resumem nessas três tentações: pão, poder e prazer (três “p”). Se alguém encontrar algum que não encaixe, eu pago. Jesus participou de nossa fragilidade. Nós vencemos com ele. Como? Pela palavra, pela humildade e adoração. Olha bem a relação com a Quarta-Feira de Cinzas: esmola, jejum e oração! Vencendo o pecado os anjos nos servem. Boa Quaresma! 
Homilia do 1º Domingo da Quaresma
EM FEVEREIRO DE 2008

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