Após a Ressurreição, Jesus vai ao encontro dos discípulos reunidos no Cenáculo. Havia medo, tristeza e desesperança. E, de repente, Jesus está ali, vivo. Depois de termos contemplado a Ressurreição, passamos agora a ver a vida da comunidade dos ressuscitados. Reunidos, acolhem Jesus. João evangelista não faz uma narrativa cronológica, mas ensina-nos a compreender a Ressurreição e sua relação com a comunidade. João coloca no dia da Ressurreição, o primeiro dia da semana. É o primeiro dia do novo mundo. Nele se dá a efusão do Espírito. Isso não contradiz o que dizem os outros textos sobre a vinda do Espírito 50 dias após a Ressurreição, pois João fala do Mistério como um todo e não narra fatos em seqüência histórica. É a inauguração de tempo novo de Deus. Jesus aparece e mostra as mãos e o lado aberto pela lança. O Ressuscitado é o mesmo que fora crucificado. Ele permanece sempre em sua entrega ao Pai pelo mundo. Os discípulos, que recebem o sopro do Espírito Santo, são a nova criatura redimida. A comunidade dos discípulos, sempre que reunida, constitui o Cenáculo onde se manifesta o Ressuscitado que dá o Espírito. O Espírito forma a comunidade para que ela constitua sempre o lugar privilegiado para a Escuta da Palavra, para a Comunhão Fraterna, para Eucaristia (fração do pão) e para a Oração. Por isso os mártires dirão: “Não podemos viver sem o domingo”. Ele é o dia de o Senhor se manifestar na comunidade. A força da Ressurreição não está somente em Jesus que vence a morte, mas está também na comunidade. A comunidade vive na esperança, “pois sem O ver ainda, nEle acreditais” (1Pd 1,8). A esperança é a certeza de que se realizam as promessas futuras. O discípulo alegra-se, como os discípulos ao verem o Senhor.
Como o Pai me enviou, eu vos envio
Naquela noite Jesus apareceu aos discípulos, pôs-se no meio deles e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). A comunidade recebe o Espírito para o anúncio da missão de reconciliação. Para enviá-los, soprou sobre eles, como Deus soprara sobre o homem que fizera do barro, tornando-o alma vivente (Gn 2,7). Soprando sobre os renascidos, dá-lhes o Espírito que lhes mantém viva a fé na esperança. O discípulo é associado à missão do Ressuscitado na força do Espírito. Quem recebe o discípulo, recebe a Cristo. “Quem vos recebe, a mim recebe e recebe Aquele que me enviou” (Lc 10,16), dissera Jesus . Recebe também toda economia da salvação, isto é, tudo o que Deus fez para nos salvar. Cada celebração da comunidade é presença do Ressuscitado, efusão do Espírito e envio à missão. Ela será também o local onde, vigilantes, esperamos sua vinda gloriosa.
A comunidade vive a fé no Ressuscitado.
A comunidade é o Cenáculo onde o Cristo pode vir e fazer-se presente. A manifestação do Ressuscitado provoca a fé dos discípulos. A profissão de fé de Tomé é a maior: “Meu Senhor e Meu Deus”! É a primeira vez que Jesus é chamado de Deus, fora do prólogo do Evangelho de João. A comunidade reunida é o lugar próprio para o acolhimento do Ressuscitado na fé. Crer em Jesus é um dom do Espírito. Os discípulos que não viram Jesus, crêem porque aceitaram os sinais que Jesus fez para que acreditassem. Todos os que crêem, sem ter visto, são felizes, isto é, realizam em si a plenitude da fé, na esperança. A celebração pascal acende nossa fé em Cristo e em sua manifestação na comunidade.
Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117;
1ªPedro 1,3-9; João 20,19-31
1. Os discípulos, no Cenáculo, são a comunidade dos ressuscitados. João não faz narrativa cronológica, mas apresenta o único mistério do Cristo e sua relação com a comunidade. O primeiro dia da semana, é o primeiro dia da nova criação, dia da efusão do Espírito para dar vida à nova criatura. O Espírito forma a comunidade para que seja o lugar da escuta da Palavra, da comunhão fraterna, da fração do pão e da oração. O domingo é o dia de o Senhor se manifestar na comunidade. A Ressurreição manifesta sua força também na criação da nova comunidade dos redimidos. O discípulo é feliz porque crê, mesmo sem ter visto.
2. Jesus, apareceu aos discípulos, pôs-se no meio deles e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E soprou sobre eles, dando-lhes o poder da remissão dos pecados. Deus soprara sobre o homem que havia feito para ser alma vivente. Jesus sopra sobre os discípulos para a vida nova. O discípulo é associado à missão do Ressuscitado na força do Espírito. Recebe também tudo o que Deus fez para nos salvar, a economia da salvação. Cada celebração é presença do Ressuscitado, da efusão do Espírito, do envio à missão.
3. A comunidade é o Cenáculo para onde Cristo pode vir e fazer-se presente. A manifestação do Senhor provoca a fé dos discípulos, como fez a Tomé que disse: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus é chamado de Deus, pela primeira vez (fora o prólogo de João). Os discípulos que creram e não viram, são felizes, i.e, realizam em si a plenitude da fé, na esperança.
Não deixou saudades
Engraçado! A gente nunca ouve dizer que os discípulos se lamentaram porque Jesus não estivesse mais ali, que sua ausência deixara um vazio, que todos ficaram com deprê pela falta dEle.
Eles, vendo-O ressuscitado, dando o Espírito, souberam que Ele estava sempre com eles. Para crer, não precisamos ver como Tomé. Somos felizes porque cremos no que nos contaram.
Homilia do 2º Domingo da Páscoa
EM MARÇO DE 2008
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