quarta-feira, 2 de novembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Deixaram tudo e O seguiram”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Mundo em trevas viu a luz
 
Estamos, a bem dizer, no início do Tempo Comum. No domingo passado, havia ainda a luz do mistério da Manifestação do Senhor. É bom acentuar as diferenças do tempo litúrgico. Iniciamos pela inauguração do ministério de Jesus. O evangelista Mateus coloca esse início da pregação na Galiléia. E tem razão, pois explica bem sua missão. A Galiléia era uma região mal afamada, já há séculos. Os mestres da lei dizem que nenhum profeta vinha da Galiléia (Jo 7,52). Não eram judeus puros, mas misturados. Era a Galiléia dos pagãos. Era a terra da escuridão, das trevas do paganismo, da religião mesclada. As trevas são símbolo da morte. O profeta escreve: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sobras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). A Galiléia era, também, lugar de terras boas, planície fecunda, mas explorada, pisoteada. Belo ouvir que vai se abater o jogo do opressor (Is 9,2)! Jesus veio transformar. Mateus cita o texto de Isaias para mostrar de onde vem Jesus. Luz é intervenção de Deus. A presença de Jesus na Galiléia é o clarão de uma nova luz. Jesus deixou Nazaré e veio morar em Cafarnaum, uma cidade movimentada pelo porto e por ser ponto de comércio, caminho do mar, lugar difícil. Jesus parte sempre da periferia do mundo, como também das pessoas excluídas. Parte de onde não há esperança. E a Igreja corre o risco de privilegiar os bons, os perfeitos. Os necessitados ficam sempre à mercê de exploradores. Vamos pagar por isso, porque os abandonamos estão à presa de outros interesseiros. Não podemos desprezar os mundos da escravidão do mal. Jesus começou justamente aí. 
Eles deixaram tudo 
O início da pregação de Jesus sintetiza sua missão: no mundo das trevas, anuncia a conversão - “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” - e cura as enfermidades do povo (Mt 4,12-17.23). Ele ensina nas sinagogas, local de reunião do povo, e à beira mar. A atividade de Jesus é intensa. Ele envolve outros em sua missão, como parte da própria missão. Começa por chamar os discípulos: Pedro e André, Tiago e João; dois pares de irmãos. Há algo a ver com a família. Das famílias, Ele dá início à sua “nova família”, “os que fazem a vontade do Pai” (Mt 12,48). Eles ouviram o chamado e “imediatamente deixaram as redes... a barca e o pai e O seguiram” (Mt 4,20.22). É uma cadência de verbos: Passou, olhou e chamou; uma única vez! A obediência é imediata. A primeira conversão dos apóstolos foi deixar tudo. Jesus vai escolher 12, um punhadinho de gente. Quando o profeta fala de Madiã, refere-se a uma vitória estrondosa de um punhadinho de homens contra um exército (Jz 7,1-25). Os discípulos são chamados a anunciar a conversão para o Reino que se aproxima. Lançar a Palavra é simbolizado pelo lançar as redes no mar do mundo para pescar homens. A conversão é a transformação. A Igreja deve partir dos necessitados, mas unida (1Cor 1,1-13). 
Saborear a suavidade do Senhor 
O salmo 26 canta: “O Senhor é minha luz e minha salvação. O Senhor é a proteção de minha vida”. Chama ao prazer de estar na casa de Deus. Jesus já fizera isso como jovem. Viver a conversão é viver na contemplação de Deus, “saboreando a suavidade do Senhor” . Tudo o que Jesus fez foi para conduzir as pessoas ao Pai, para amá-lo e saborear sua suavidade. Por isso a comunidade não pode ter divisões, pois não somos partidos, “para não privar a cruz de Cristo de sua força própria”. Celebramos a Eucaristia, fonte de unidade. 
Leituras: Isaias 8,23b-9,3; Salmo 26; 
1Cor 1,10-13.17; Mateus 4,12-23.
1. Estamos no início do Tempo Comum. Mateus coloca o início da missão de Jesus na Galiléia, região mal afamada. É terra da escuridão, das trevas, do paganismo. As trevas são símbolo de morte. Era rica, mas explorada, pisoteada. Belo ouvir que vai se abater o jogo do opressor (Is 9,2). Cita o texto de Isaias para mostrar de onde vem Jesus. A presença de Jesus na Galiléia é o clarão de uma nova luz. Ele parte sempre da periferia onde não há esperança. A Igreja privilegia os bons, os perfeitos. Os necessitados ficam sempre à mercê de exploradores. 
2. O início da pregação de Jesus sintetiza sua missão: no mundo das trevas, anuncia a conversão - “Convertei-vos” (Mt 4,12-17.23) - e cura as enfermidades do povo. Ele envolve outros em sua missão como parte da própria missão. Chama os discípulos. Eles ouviram o chamado, deixaram as redes... a barca, o pai e O seguiram” (Mt 4,20.22). A obediência é imediata. Jesus escolhe 12, pouca gente. Como em Madiã. A conversão é a transformação de trevas em luz. Igreja deve partir dos fracos (1Cor 1,1-13). 
3. O salmo 26 canta: “O Senhor é minha luz e minha salvação. O Senhor é a proteção de minha vida”. Viver a conversão é viver na contemplação de Deus, “saboreando a suavidade do Senhor”. A comunidade não pode ter divisões, pois não somos partidos, “para não privar a cruz de Cristo de sua força própria. Por isso celebramos a Eucaristia, fonte de unidade. 
Pescar sem estar cansado 
O tempo comum é um tempo especial. Temos os tempos fortes: Quaresma/Páscoa, Advento/Natal. Nesses tempos fortes celebramos fatos da redenção, por exemplo, o Nascimento, a Paixão, a Vinda do Espírito Santo. No Tempo Comum celebramos lentamente a vida e o mistério de Cristo, seguindo o evangelho. Ele é a luz que vem de onde menos se esperava: da Galiléia dos pagãos. Lugar desprezado pelos “bons judeus”. Foi uma alegria de festa grande. Jesus é solidário até no dividir o serviço: começou sua missão chamando os colaboradores para a pesca: “Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de homens”. Não precisa estar cansado para ir pescar. Basta querer assumir a missão. 
Homilia do 3º Domingo Comum
EM JANEIRO DE 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário