terça-feira, 13 de setembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Onde estiver vosso tesouro”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
COM SÃO JOÃO PAULO SEGUNDO(+)
NA PAZ DO SENHGOR
Catequese sobre a riqueza
 
Jesus instrui os discípulos enquanto caminha para Jerusalém. Seus ensinamentos se dirigem à vida da caridade, da oração, dos bens materiais. Tudo isso já conheciam pela tradição. Jesus dá um direcionamento novo. Na mentalidade do Antigo Testamento, a abundância de bens era sinal da bênção de Deus. No ensinamento de Jesus o verdadeiro tesouro está no Céu, “onde os ladrões não roubam nem a traça corrói” (Mt 6,19-20). Ele afirma: “Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância dos bens” (Lc 12,15). Na reflexão do Novo Testamento a cobiça, o egoísmo, a estupidez e a injustiça são males que prejudicam a vida do homem. Paulo chama a cobiça de idolatria (Cl 3,5). Adorar os bens materiais é um grande mal, como lemos nas tentações de Jesus. A ambição desmedida sai do coração do homem e o torna impuro (Mc 7,22). Paulo, aos Romanos, coloca a ambição ao lado dos pecados de imoralidade que obscurecem a mente, não permitindo encontrar a Deus (Rm 1,29). A cobiça dos bens muda os interesses da pessoa, levando-a ao desequilíbrio no relacionamento com Deus, com as pessoas e com a natureza. O homem não pode perder de vista o reto valor dos bens, pois pode perder o sentido da vida e a vida de um momento para outro. A vida não está nos bens (Lc 12,15). Viver bem com os bens é já ressurreição, como escreve Paulo: “esforçai-vos por alcançar as coisas do alto onde está Cristo ... aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3,1-2). 
A fartura que empobrece 
A parábola contada por Jesus não condena os bens, mas a loucura de querer pensar só nos bens materiais: “Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come bem, aproveita!’ Mas Deus lhe diz: ‘Louco! Ainda esta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si , mas não é rico diante de Deus” (Lc 12,20). Jesus quer que todos tenham vida e tirem vida para Deus de tudo o que possuem. É belo ver as pessoas progredirem, produzirem fartura. O mundo está cada vez mais pronto para dar fartura a todas as pessoas, mas infelizmente temos conhecimento de que a maior parte da humanidade passa dificuldades. É o desejo desenfreado de ter mais e viver em grande consumismo. O infeliz da parábola amontoa bens para seu prazer. Jesus chama-o de “sem inteligência”. O termo grego “aphoron” significa falta total de inteligência. Inteligente é ser rico aos olhos de Deus. Entesourar para o céu. Tudo isso é vaidade. Santo Agostinho diz: “se amas a terra, serás terra, se amas a Deus serás Deus”. A fartura que empobrece o coração. 
Ensinai-nos a contar nossos dias 
O salmo reza: “Ensinai-nos a contar bem nossos dias e assim teremos um coração sábio” (Sl 90,12). A sabedoria ensina-nos a ter sempre a eternidade à vista. O insensato morreu no próprio egoísmo, que é uma das características do homem velho. “Fazei morrer em vós o que pertence à terra: imoralidade, paixão... cobiça... Vós já vos despojastes do homem velho e de sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem de seu Criador” (Cl 3,9-10). Homem novo busca as realidades do céu (13,1). “Que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol?” (Ecl 2,22). “Ajuntai tesouros no céu” (Mt 6,20a). Na Eucaristia os bens materiais tornam-se Corpo e Sangue de Cristo. Aí sim temos o tesouro e a inteligência. 
Leituras: Eclesiastes 1,2;2,21-23; Salmo 89; 
Colossenses 3,1-5.9-11;Lucas 12.13-2. 
1. Jesus catequiza os discípulos sobre o valor dos bens materiais. No AT os bens eram sinais de bênção de Deus. No NT Jesus muda a concepção. O verdadeiro tesouro está no Céu. Condena assim a ganância, pois a vida não consiste na abundância de bens. Paulo chama a cobiça de idolatria e obscurece a mente no conhecimento de Deus. Perdendo o reto valor dos bens, pode perder o sentido da vida e a vida num momento. É loucura. 
2. Jesus não condena os bens, mas a loucura de pensar só nos bens materiais. Jesus quer que tiremos Vida dos bens entesourando no Céu. Jesus chama de sem inteligência quem vive do desejo desenfreado. O mundo atual não é inteligente para Jesus. Cultiva a vaidade. 
3. O Salmo reza: “Ensinai-nos a bem contar nossos dias e assim teremos um coração sábio. A sabedoria ensina-nos a ter sempre a eternidade à vista. Paulo ensina que a ganância é uma das características do homem velho. O homem novo é feito à imagem de Cristo, homem novo. O resto é vaidade. Na Eucaristia os bens materiais tornam-se Corpo e Sangue de Cristo. Isso é ser inteligente. 
Caixão não tem gaveta 
Jesus não era muito chegado nem no orgulho nem na ganância. Por isso responde aos que lhe pedem para entrar em assuntos de herança que não era uma questão para Ele. Ele sabia que a vida não se reduz aos bens. Conta então a parábola do homem que tinha muito e achou que tinha tudo e ficou sem nada. Mooorreu! A leitura de Eclesiastes chama tudo de vaidade: O sujeito faz tanta coisa e deixa para o outro que em nada colaborou. Tudo é vaidade. É preciso trabalhar pelos bens materiais. Mas esses devem nos ajudar a conquistar os bens espirituais. 
Homilia do 18º Domingo Comum
EM AGOSTO DE 2007

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