A veneração dos dois apóstolos, Pedro e Paulo, é comprovada desde os tempos primitivos da Igreja, tanto nos textos litúrgicos como nas memórias arqueológicas. O afeto dos cristãos por esses homens era muito grande. Durante muito tempo, a única “romaria” que se fazia era para suas tumbas. Sobre essas tumbas o imperador Constantino construiu em Roma duas grandes basílicas: a basílica de São Pedro e a de São Paulo. Já se tem a certeza que são seus túmulos. No túmulo de Pedro encontraram-se ossos de um homem forte de 60 anos. O túmulo de Paulo foi comprovado recentemente, mas o sarcófago ainda não foi aberto. Por que esse interesse dos cristãos? Reconhecem neles a pedra sobre a qual se edificou a Igreja. Pedro edificou a Igreja sobre “herança de Israel” e Paulo anunciou o evangelho às nações (como reza o prefácio). A fé não se refere somente às palavras que disseram, mas à vida que edificaram dentro de si mesmos. Pedro fala com a vida: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16,16). Essa palavra foi-lhe dada pelo Pai. Paulo, no final de sua carreira, resume sua vida em poucas palavras: “Combati o bom combate, completei a corrida e guardei a fé” (2Tm 4,7). Por que a importância da pessoa humana? Como o Filho de Deus se manifestou concretamente na pessoa humano-divina Jesus, assim também a fé não pode seguir somente um caminho intelectual, mas o caminho da humanidade. Ela passa pela mediação de pessoas concretas. Podemos lembrar que, no batismo de crianças, perguntamos: “Quereis que essa criança seja batizada na fé que acabais de professar?” Quanto lhe tirarmos essa dimensão humana, correremos o risco de perder sua divindade. Essa fé que os edificou em Cristo animou-os em seu ministério. A força de anunciar provinha de sua força de fé. Ela é a mesma de cada fiel que segue Cristo.
Caminho com Cristo
É impressionante a vitalidade apostólica desses dois homens, como também dos outros apóstolos. Pedro é um homem simples e espontâneo. Paulo é instruído e mestre. Ambos, diferentes entre si, e por caminhos diversos, deram-se o abraço como expressão de caminharem juntos com o mesmo Cristo. Não pregaram a si. Apaixonados por Cristo transmitiram aos convertidos o mesmo entusiasmo por Ele e pela comunidade, como rezamos na oração pós-comunhão: “Concedei-nos viver de tal modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão, na doutrina dos apóstolos e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma”. O grande pregador é aquele que anuncia Cristo e conduz à comunidade. Nas circunstâncias do início da Igreja, sem estruturas, com poucos textos do evangelho à mão, eles puderam anunciar Jesus, conduzir à fé, formar as comunidades e dar o impulso missionário aos convertidos. É sua adesão a Cristo que os conduzia pelo Espírito. Cada cristão tem a mesma missão e possibilidade.
Unidos a Cristo em seu sofrimento
Toda a sua grandeza não os livra do sofrimento e da morte. Pedro sofre a prisão e risco de vida. Paulo conta as muitas vezes que sofreu perseguições, perigos, naufrágio etc... (2Cor 11,26) e até o abandono dos irmãos (2Tm 4,16). Afirma que foi “libertado da boca do leão” (17). Aconselha a Timóteo: “Lembra-te de Jesus Cristo [...] pelo qual eu sofro, até às cadeias como malfeitor” (2Tm 2,8-9). Pedro, igualmente, já preparado para ser sacrificado, algemado, vigiado, é libertado pelo Anjo (At 12,1-11 – leitura do dia). Sua vida de fé está apoiada em Cristo, pedra viva. Por isso podem edificar a Igreja. Nós também somos pedras vivas (1Pd 2,5). Com eles formamos o grande edifício da Igreja que continua sua missão e com amor os celebra. Jesus diz a Pedro: “Confirma teus irmãos” (Lc 22,32)
Leituras: Atos 12.1-11; Salmo 33;
2Timóteo 4,6-8; 17-18; Mateus 16,13-19.
1. A veneração dos dois apóstolos, Pedro e Paulo, é antiga e testemunhada pela liturgia e arqueologia. Os cristãos reconhecem sua importância porque edificaram a Igreja tanto sobre a herança de Israel como pelas nações. Eles se fundam na fé em Jesus Cristo. Sua fé é humano-divina, sem isso não tem sentido.
2. Sua vitalidade é impressionante. Mesmo diferentes e por diferentes caminhos dão o abraço da unidade, caminhando juntos como mesmo Cristo. Sua fé entusiasma e conduz os fiéis a Cristo e à comunidade. Mesmo nas dificuldades, por sua adesão a Cristo conduzem a vida das comunidades e as estimulam ao apostolado.
3. Mesmo grandes, não são livres do sofrimento e depois da morte como testemunho. Sofrem por Cristo. Sua vida está apoiada em Cristo pedra vida. Assim podem edificar a Igreja. Nós também somos pedras vivas. Com eles formamos o edifício da Igreja que continua a missão de Cristo.
Pedra dura
Pedro e Paulo, duas colunas da Igreja! Lutaram em campos diferentes, mas coroados com a mesma vitória. Unidos pela coroa do martírio, recebem hoje igual veneração. Pedro pregou para os judeus, Paulo aos pagãos.
É impressionante o que fizeram esses homens. Paulo mais instruído, Pedro mais simples, mas ambos de grande força de pregação e arrojo missionário. Os dois tiveram um amor enlouquecido por Jesus Cristo. Paulo diz: “Meu viver é Cristo”. Pedro faz a linda declaração a Jesus que o interpelara: “Senhor, tu sabes tudo, sabes também que te amo”.
Recebem de Cristo proteção e liberdade: Pedro é libertado das correntes. Paulo, da boca do leão. Professam a mesma forte fé: Pedro diz: “Tu és o Filho de Deus”. Paulo confessa sua fé: “Combati o bom combate, completei minha carreira e guardei a fé”.
A fé desses homens gigantes é a base da Igreja. É pedra dura, estabelecida. Eles nos deram as primícias da fé.
Homilia da Solenidade de S. Pedro e S. Paulo
EM JULHO DE 2007
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