quarta-feira, 15 de junho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Seguindo o caminho de Jesus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
AO LADO, PADRE BRANDÃO CSsR.(+)
AMBOS NA PAZ DO SENHOR
Explicando o caminho
 
Os discípulos não compreendiam o que Jesus estava ensinando e tinham medo de perguntar. Qual era o ensinamento? “O Filho do Homem (Jesus) vai ser entregue nas mãos dos homens e eles O matarão. Mas três dias após a morte Ele ressuscitará” (Mc 9,31-33). Para os discípulos era incompreensível. O mistério dessas palavras está bem expresso na atitude de Jesus de ir oculto para Jerusalém. Certamente não queria dar na vista nem ser entendido como um acontecimento político. Os discípulos tinham medo de perguntar. Por quê? Jesus era bravo? Talvez fosse um sentimento suscitado pela aproximação da esfera divina, o mistério que não temos palavras para exprimir. Ou, quem sabe, aquelas palavras os assustassem. Somente com a Ressurreição é que poderiam entender. Mas, enquanto Jesus falava de seu caminho, explicando sua vida e morte, os discípulos andavam por outro. Discutiam quem era o mais importante. Para Jesus, o mais importante era o serviço que prestaria com sua morte. Ser o primeiro era servir até o extremo. O caminho de Jesus, vindo da transfiguração, dirige-se a Jerusalém. Mesmo na escuridão do drama da Paixão, vê-se resplandecer a Ressurreição, pois “depois de três dias ele ressuscitará”. A morte dolorosa será a realização de sua proposta que lemos em Marcos 8,31-37: “Quem quiser ganhar sua vida perdê-la-á” (35). Os discípulos ainda estão na dimensão egoísta ‘o que ganho com isso?’ Colocar a vida a serviço é a explicação do caminho de Jesus, a condição de chegar a ressurreição. Os escuros tanto da vida de Jesus como da vida dos discípulos e, mais ainda, da nossa, se diluem à medida que a luz do serviço invade nossa vida.
Seguindo Jesus 
Jesus, pacientemente instrui os discípulos que acreditam nele, mas ainda são suas crianças a quem tanto ama. Dá um valor imenso a sua presença em sua missão, a seu amor e à fé que professaram, pois diz: “Vocês que estiveram comigo em minhas provações” (Lc 22,28). Os discípulos têm certeza do afeto do Mestre, pois sentem o acolhimento que Ele oferece. Jesus apresenta o caminho muito claro para que o sigam, como disse, fazendo o mesmo caminho para a Paixão. Podemos dizer que não basta seguir até à Paixão, mas fazer seu caminho com a mesma paixão pelo serviço humilde, como nos ensinou. O serviço é de amor, de acolhimento aos pequeninos. Eles não só são os privilegiados de Deus, mas são os mais necessitados pela sua fragilidade. Assim acolhemos a Cristo e por Ele acolhemos o Pai. Tenhamos a certeza da presença de Cristo em nossa caminhada, e com ela a presença da desconfortante recusa que sofreu, como está descrito em Sabedoria 12.17-20. O justo será perseguido por ser justo, porque sua vida é uma acusação aos desmandos e pecados dos maus. Ser cristão é sinônimo de perseguido. 
Frutos da Paixão 
Jesus Cristo, Salvador da humanidade, é a sabedoria vinda do alto, como nos explica Tiago (3,16-4,3). A Sabedoria celebrada no Antigo Testamento é identificada com Jesus em o Novo Testamento. Essa Sabedoria “é pura, pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento”. Jesus Cristo, acolhido em nossos corações neles põe ordem. Nós conseguimos superar os males que provêm das paixões que lutam dentro de nós pedindo, rezando, acolhendo Jesus em nossos corações; sobretudo acolhendo os pequeninos. Assim acolhemos Jesus, e nEle a seu Pai. 
Leituras:Sabedoria2,12-17;Salmo53; 
Tiago 3,16-4,3; Marcos 9,30-37 
1. Os discípulos não compreendiam o que Jesus estava ensinando e tinham medo de perguntar. Há um aspecto obscuro que somente com a Ressurreição vai ser descoberto. O medo que os discípulos sentem, pode provir de seu espanto diante do mistério de Deus manifestado em Cristo. Eles ainda estão na fase egoísta. Jesus propõe servir até o extremo. Colocar a vida a serviço é condição para chegar à ressurreição. Assim se chega à luz que invade nossa vida. 
2. Jesus instrui os discípulos e dá imenso valor a sua presença na missão, a seu amor e à fé que professaram: “Vocês que estiveram comigo em minhas provações” (Lc 22,28). . Seguir Jesus até à Paixão é ter paixão pelo serviço aos pequeninos. Assim acolhemos Jesus e por Ele o Pai. 
3. Jesus é a sabedoria. Os frutos da Sabedoria que é Jesus, indicam muito bem quais são os frutos da Paixão, de sua vida entregue. Pela oração superamos os males, como diz S. Tiago. 
Quem vai mandar? 
Jesus deve ter penado com seus discípulos que não entendiam o que queria ensinar. Estava falando de sua paixão e eles discutindo quem seria o maior naquele reino. Ele, então, explica o sentido fundamental do novo Reino: O primeiro seja o último, aquele que serve a todos. Aí sim há lugar para ser o primeiro, pois não deve haver muitos concorrentes. Servir é o melhor modo de seguir Jesus, pois essa foi sua vida. Servir é acolher o outro. Acolhendo-o acolho Jesus. Acolhendo Jesus, acolho o Pai. Servir, mesmo que seja o menor, é servir o Pai, é adorar, é amar, e ser amado. Reformulemos no serviço, o sentido da oração.
Homilia do 25º Domingo Comum
EM SETEMBRO DE 2006

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