Nada se sabe sobre a origem e a primeira parte da vida de Santo Eusébio. A história começa a registrar sua existência por volta do ano 361, quando já era bispo de Samosata e, como tal, participou do sínodo convocado em Antioquia para eleger o sucessor de bispo Eudoxio. Justamente, pelos esforços que empreendeu o bispo Eusébio, o Sínodo elegeu São Melécio, antigo bispo de Sebaste, e um homem venerado por sua piedade e sabedoria. Grande parte dos eleitores eram arianos e alimentavam a esperança de que, se votasse em favor de Melecio, este iria favorecer a sua doutrina, pelo menos tacitamente. Os arianos, porém, se decepcionaram ao ouvir no primeiro discurso do novo bispo de Antioquia, na presença do imperador Constâncio, que também era ariano, a reafirmação da doutrina ortodoxa da Encarnação, tal como havia sido exposta no Credo de Nicéia. Após este sermão, os arianos, furiosos, procuraram de todas as formas se livrarem do bispo, e o imperador Constâncio enviou um emissário a Santo Eusébio para pedir-lhe que entregasse as Atas Sinodais da eleição que havia sido confiada aos seus cuidados.
Santo Eusébio respondeu que não poderia fazê-lo sem o prévio consentimento e aprovação de todos e cada um dos signatários.
Este foi então ameaçado de ter sua mão direita decepada, se persistisse em sua atitude. O santo, estendendo as suas duas mãos, disse estar disposto e pronto a perdê-las, antes que trair a confiança que nele havia sido depositada. O imperador ficou muito impressionado com a coragem do bispo e já não mais insistiu. Durante algum tempo após esse incidente, Santo Eusébio participou ainda nos concílios e conferências dos arianos e semi-arianos, a fim de sustentar a verdade e na esperança e alcançar a unidade, mas a partir do Concílio de Antioquia, em 363, Santo Eusébio deixou de comparecer nas reuniões, porque percebeu que sua atitude escandalizava aos ortodoxos. Nove anos mais tarde, atendendo a um chamado urgente do já idoso São Gregório de Nazianzo, foi à Capadócia e lá exerceu sua influência e experiência em favor de São Basílio, na eleição para a sede vacante de Cesaréia. Tão notáveis foram os serviços prestados nessa ocasião que o jovem Gregório, numa carta escrita, refere-se a Eusébio como «a coluna da verdade, luz do mundo, instrumento da graça de Deus para o seu povo, apoio e glória de toda a ortodoxia». Entre São Basílio e Santo Eusébio se estabeleceu uma sincera amizade que continuou, mais tarde, através das cartas. Quando teve início a perseguição de Valente, Santo Eusébio, não satisfeito em proteger os seus próprios fiéis da heresia, empreendeu, de maneira incógnita, várias viagens para a Síria e Palestina para fortalecer a fé dos católicos, ordenar sacerdotes e ajudar aos bispos ortodoxos a nomear verdadeiros e dignos pastores para ocupar as sedes que ficavam vacantes. Seu extraordinário zelo despertou a animosidade dos arianos e, em 374, o Imperador Valente promulgou uma ordem que o condenava ao exílio em Trácia. Quando o oficial encarregado de fazer cumprir a ordem imperial foi apresentado a Santo Eusébio, o bispo rogou-lhe para que procedesse com toda a discrição, pois, se o povo suspeitasse do que estava acontecendo, podiam eles ser atacados e até mortos. Naquela mesma noite, portanto, depois de rezar o ofício, como de costume, enquanto todos dormiam, deixou calmamente a sua casa em companhia de um dos seus servidores, indo em direção ao Eufrates onde embarcou. Na manhã seguinte, quando alguns de seu povo perceberam que ele tinha partido, saíram em sua busca; alguns, tendo-o encontrado, suplicaram entre lágrimas, para que não os deixasse. Ele também chorou muito diante das manifestações de afeto daquelas pessoas, mas explicou-lhes que era necessário obedecer as ordens do imperador, exortando-os a confiar em Deus que tudo seria resolvido satisfatoriamente a seu tempo. Seus fiéis, numa demonstração de fidelidade ao seu bispo, recusaram-se a qualquer contato com os dois bispos arianos que ocuparam a sede durante seu exílio. A morte de Valente, em 378, pôs fim à perseguição e Santo Eusébio que pode então retornar à sua sede e ao seu povo. Os sofrimentos do exílio em nada diminuíram seu zelo e piedade. Graças aos seus esforços, restabeleceu, em toda a sua diocese, a unidade ortodoxa, e as sedes vizinhas foram ocupadas por prelados ortodoxos. Santo Eusébio estava visitando a cidade de Dolikha para lá instalar um bispo, quando uma mulher ariana, escondida no telhado de uma casa, atirou-lhe uma pesada pedra sobre a sua cabeça. O golpe que recebeu foi fatal e, como consequência, morreu alguns dias depois, tendo a promessa de seus amigos de que não reagiriam perseguindo ou castigando sua agressora.Tradução e publicação neste site
com permissão de
Trad.: Pe. André
Nenhum comentário:
Postar um comentário