PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR |
Teodora Maria: O que Jesus Cristo nos ensinou ficará para sempre. Não há mais o que dizer, portanto, em minha opinião é “salve-se quem quiser”, porque poucos escolhem a porta estreita e, a maioria, vai pela porta larga mesmo. Por isso, tenho certeza de que Jesus não se sujeitará de novo a esta humanidade que continua a mesminha! Por que então Jesus voltaria?
Não é bem assim, “salve-se quem quiser”, isso é uma ideia contrária à proposta de Jesus, que é buscar a salvação em comunidade, preocupar-se com a salvação dos irmãos e irmãs. Mesmo que tudo pareça perdido e muitos procurarem a “porta larga”, devemos sempre propor a vivência da fé, do seguimento de Jesus. A humanidade não continua a mesma depois que Jesus anunciou a sua proposta de amor, há muita gente boa, eu vejo que há mais pessoas boas do que ruins. Tenho certeza que Jesus, por amor a nós, se sujeitaria a tudo novamente, mas a segunda vinda não será como a primeira, pelo menos é o que nos indica os evangelhos. É preciso ter esperança e fé.
Norma: Meu pai faleceu há dois anos e até hoje a minha mãe não se conformou com a sua morte. Ela fala que perdeu a pessoa que mais amava nesse mundo e que nunca mais será feliz. Não há como confortá-la. Se todas as almas se encaminham para Deus eu poderia tentar convencê-la de que eles estarão juntos um dia novamente?
Claro que pode dizer isso, que estarão juntos na eternidade, é uma forma de consolo, de conforto. É preciso conversar sempre com ela, incentivando-a a viver na gratidão pela boa convivência que teve com seu esposo. Eu não gosto dessa expressão “perder” quando morre alguém da família, nós não perdemos ninguém, pois a morte não é o fim de uma existência, mas sim uma porta que nos abre para a eternidade. É preciso viver mais a esperança cristã, a alegria da eternidade e não o desespero pela morte, isso é falta de fé em Deus.
Não identificada: Fomos criados dentro da fé cristã, mas sem exageros, mas a minha irmã mais velha sempre confundiu a questão do pecado e nunca pensou na misericórdia de Deus. Por isso, ela vem educando seus filhos dentro da “olho por olho e dente por dente”, que tudo é pecado e que Deus castiga. Até que ponto ela está certa?
Ela esta “redondamente enganada” como dizemos na linguagem popular. Infelizmente é uma pessoa que não souber fazer uma síntese da fé cristã. Jesus nos ensinou a amar e não viver sob o medo do castigo. Deus é misericórdia e compaixão, Ele nos ama e nos quer felizes e não fica o tempo todos nos vigiando para condenar. Pena uma pessoa viver assim e ensinar os filhos a viverem no erro.
Lúcia Mara: Muita gente confunde paixão com amor e, por causa dessa paixão, muitos são assassinados, oprimidos e perseguidos. No entanto, quem diz que ama, trai, abandona, deixa de amar. Gostaria de saber a sua opinião a respeito.
Paixão não pode ser confundida com amor. Amor é doação, é entregar de vida, é viver a busca da felicidade do outro e, consequentemente a sua própria felicidade. Amor não é só expressão de um sentimento externo, mas comunhão de vida. Muitos confundem amor com posse, daí tanto crime cometido em nome do “amor”, tanta opressão e tanta confusão dentro das famílias.
Otávio de Souza: Estão iniciando uma campanha popular para a proibição de bebidas alcoólicas. Acha que esta campanha ajudará a diminuir o consumo de álcool em um país como o nosso?
Não creio nesse tipo de campanha, porque os produtores de bebidas alcoólicas têm muito poder e fazem seus conchavos para que esse tipo de lei não vá adiante. O que precisamos é de educação alicerçada em valores sólidos, a começar em nossas famílias, onde os pais deveriam dar bom exemplo. Também a educação formal nas escolas deveria ter uma orientação para conscientizar mais a população sobre os riscos dessa droga lícita.
Não identificada: Minha mãe sempre soube enfrentar os problemas com muita força e equilíbrio, mas apesar disso, não esquece os acontecimentos e fica relembrando, contando para as pessoas. Apesar de ser uma pessoa de muita fé, será que ela realmente superou esses problemas?
Quando a pessoa relembra demais os fatos e fica insistindo no assunto é sinal de que ainda não assimilou e perdoou. Claro que esquecer é impossível, mas é preciso saber superar os problemas do passado com suas consequências. É preciso alertá-la para isso, converse com ela e mostre que é preciso superar, perdoar, e evitar trazer para o hoje aquilo que já passou.
Não identificada: Tenho uma colega de trabalho que reclama de tudo. Se tiver serviço ela acha ruim, se fica à toa, também reclama, isso cansa quem está perto. Ela é católica daquelas de santo pendurado no pescoço, no braço, mas não consigo ver nenhuma religiosidade nela. Seria conveniente alertá-la?
Claro que sim, é conveniente falar com ela e mostrar a incoerência que ela está vivendo. Ficar “curtindo” coisas negativas não é salutar para ninguém, mostre para ela o valor da fé que nos leva a viver com mais positividade.
Jasmina de Oliveira: Por mais que tenhamos consciência da vida, é muito difícil não criar expectativas com relação a coisas e pessoas, acontecimentos e, muitas vezes, nos decepcionamos. Como viver sem tanta ansiedade? Como a fé nos ajuda nisso?
A fé nos mostra que é preciso viver com mais serenidade, com mais paciência e menos ansiedade. Jesus nos disse: “Não vivam preocupados... a cada terá a sua própria preocupação” (cf. Mt 6, 31-36). É preciso viver com mais tranquilidade, sem deixar de trabalhar e de esforçar, mas sem estresse, pois ele apenas estragará a nossa vida.
Não identificada: Sou advogado, tenho 26 anos e gostaria que me ajudasse a descobrir quando estamos maduros para assumirmos o casamento. Sempre ouço falar sobre essa maturidade, mas não estou conseguindo delinear em mim.
A maturidade não tem uma receita. A pessoa está madura para o casamento, quando se sente preparada para assumir com responsabilidade a vida a dois; quando sente que o amor está maduro e sete que aquela pessoa é a ideal para construir uma vida; quando se tem certeza do sentimento e, através do diálogo, planeja bem o futuro com clareza e pés no chão, sem fantasias e infantilidades.
Catarina Neves: Quem criou o período da quaresma?
A Igreja, fundamentada na Sagrada Escritura, criou esse período chamado Quaresma, para ajudar os fiéis no processo de conversão. O povo hebreu (livro do Êxodo) passou quarenta anos no deserto, no processo de amadurecimento para a posse da Terra Prometida; Jesus jejuou durante quarenta dias antes de assumir a sua missão de pregador do Reino, nós somos chamados a vivenciar a quaresma, os quarenta dias, como forma de aprofundar na fé e na vivência dos valores cristãos.
Lorena Martins: Será que Deus só atende aos nossos pedidos quando oramos a Ele? Apesar de Deus saber o que precisamos, antes de nós mesmos, Ele espera que o peçamos?
A oração não é para convencer a Deus do que precisamos. Deus espera que nós o peçamos. Ele nos deu liberdade e cabe a nós escolher os caminhos a seguir, mas podemos e devemos pedir a Ele orientação, Ele não impõe.
Eva Lúcia: Minha irmã se decepcionou na Igreja Católica e resolveu agora ser protestante. Eu disse que ela iria se decepcionar da mesma forma, porque em todos os lugares tem pessoas complicadas e que Jesus Cristo está em todos os lugares. Tenho certeza de que ela se decepcionará de novo. Concorda comigo?
Eu espero que ela não fique acumulando decepções em sua vida. Mas certamente ela teve alguma decepção com pessoas e não com a instituição Igreja, muitos confundem isso e culpam a Igreja por ignorância de algumas pessoas, ou até de líderes. É uma pena isso acontecer.
Não identificada: Sou viúva e moro junto com um homem divorciado. Gostaria de saber se é pecado ter um relacionamento com um homem divorciado?
Não identificada: Sou viúva e moro junto com um homem divorciado. Gostaria de saber se é pecado ter um relacionamento com um homem divorciado?
Esse tipo de conversa é bom que seja reservada, e não simplesmente dar uma resposta aqui. Não gosto de taxar as pessoas como pecadoras, mas também não posso dizer que está certo. Procure o padre de sua paróquia e tenha uma conversa sobre esse assunto.
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