quinta-feira, 14 de outubro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - A COROA DO ADVENTO II

PADRE LUIZ CARLOS
 DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Na casa de oração do povo da rua, em São Paulo, a coroa é colocada no chão, no centro da assembléia (melhor do que em cima do altar). É uma grande coroa, de ramos verdes. Concentra a comunidade no símbolo da luz que vai se acendendo progressivamente, à medida que vai se intensificando a alegria e o desejo do Senhor que vem. Vemos na sua forma circular engrandecida a dimensão cósmica do advento, pois sabemos que a criação inteira geme e sofre dores de parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus. (Cf. Rm19-22)
Parece que cada ano, no advento, aumenta o número das comunidades que colocam na suas Igrejas e capelas, nos seus locais de reunião para as celebrações litúrgicas e outras atividades co-munitárias a coroa do advento. Ela é feita de folhas verdes e nela se colocam quatro velas e quatro laços, normalmente de cor vermelha. No primeiro domingo e durante a primeira semana do advento, acende-se uma vela; no segundo domingo, acendem-se duas; no terceiro, três; e, no quarto, quatro velas. Com a aproximação do natal cresce, portanto, a luz na coroa.
O pais de origem da coroa do advento é a Alemanha, mais exatamente as regiões evangélicas no norte deste pais. Ai surgiu no fim do século passado o costume de tecer uma coroa de ramos de abeto (uma espécie de pinheiro). No inverno, quando nos Países frios todas as árvores perdem suas folhas, somente os pinheiros guardam suas agulhas verdes e são, assim, um sinal de que, na natureza, não morreu toda a vida. Aliás, o mesmo simbolismo do verde, de ser sinal de vida, estava na origem da árvore de natal. Também nos países tropicais o verde tem o mesmo significado. Pois observamos que, depois de um período de seca, quando a grama está queimada e parece morta pelo calor e pela falta de água, tudo fica verde com as primeiras chuvas e pode crescer de novo. 
A luz da vela fala forte nos países nórdicos, onde no inverno as noites são muito mais longas do que os dias e onde, durante o dia nesta época do ano, o sol se levanta somente um pouco, se ele não ficar totalmente escondido pelas nuvens. Nas longas noites e às vezes até durante o dia todo, lâmpadas e velas são imprescindíveis e muito apreciadas. mesmo nas regiões do mundo que são mais abençoadas com a luz do sol, uma vela e sua luz têm um grande valor simbólico. Também a cor vermelha, em quase todas as partes do mundo, tem o significado do amor. 
Pelo sentido natural dos elementos da coroa do advento percebemos que ela pode muito bem acompanhar os cristãos durante o advento, em sua caminhada para o natal, para a vinda do Filho de Deus ao mundo. Ele é a vida que está presente mesmo num mundo de sofrimento, de pecado e de morte. Ele nos revelou, pela sua encarnação, pela sua vida de doação e entrega até à morte, o amor do Pai do céu, o eterno plano do amor divino, e nos deixou seu exemplo e seu mandamento do amor. Ele é a luz que ilumina as nossas trevas. E esta luz, com o acender primeiro de urna, depois de duas, três e quatro velas, fica cada vez mais forte à medida em que a festa da luz, por excelência, o natal, se aproxima. A forma circular pode nos lembrar o círculo do ano, o tempo da nossa vida e o vai e vem da história, na qual Jesus está presente com sua luz. 
Não é de se admirar que, na Alemanha, no inicio deste século, também os católicos adotaram dos seus irmãos evangélicos o costume de colocar a coroa do advento nas suas igrejas e casas. Missionários que vieram da Alemanha para o Brasil e brasileiros que conheceram a coroa na Europa, trouxeram-na para cá, e agora ela se espalha também entre nós. Realmente, a coroa pode nos ajudar, pela sua força simbólica, a nos abrirmos para o grande dom de Deus que nos será dado no natal: o próprio Filho de Deus. 
Evidentemente, a coroa do advento perde sua força simbólica se nela já anteciparmos o natal, seja através de um material que não sejam folhas verdes, seja por enfeites e decorações de muitas cores brilhantes que lembrariam, antes, o brilho da plena luz do natal do que a alegre espera do Senhor, cuja vinda esperamos no natal e no final da nossa vida e da história. 
Fonte: 156/REVISTA DE LITURGIA - 29-Gregório Luiz 
ARTIGO PUBLICADO EM NOVEMBRO DE 2004

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