PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
No tema de hoje Jesus é colocado diante de um dilema: “Devemos pagar o tributo a César ou não?” Pagar o imposto para os invasores do país, era sempre um problema para o povo. Os herodianos eram favoráveis ao domínio romano, os fariseus, ao contrário, eram opostos. Os zelotas apelavam para a violência. Se Jesus disser sim, ofende o nacionalismo judeu. Se disser não, coloca-se em confronto com a autoridade romana. Jesus acusa-os de hipocrisia. Não querem saber a verdade, querem pegá-lo na resposta. Não esperavam a resposta: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
O que esta resposta de Jesus quer indicar? Ele não entra num jogo de hipocrisia. Mas para nós é muito claro: Temos obrigações para com o estado e obrigações para com o Reino de Deus. Uma obrigação não limita a outra, aliás, as duas convergem para o mesmo fim: gloria de Deus e bem da pessoa humana. As pessoas não podem viver uma dicotomia e uma separação das duas realidades. Tenho uma vida religiosa em particular e as outras coisas, fora da Igreja, fazemos como queremos. Esta divisão faz mal. Em tudo que é divino, está presente o ser humano com suas riquezas e fragilidades, mas nesta fragilidade, o modo de viver será orientado pela luz do alto, pelos preceitos do Reino e pelas verdades do evangelho que não podem ser encobertas sob uma falsa religião. Sempre se procurou fechar a boca da Igreja diante das realidades sociais. Por quê? Porque a Igreja conduz a viver no social a verdade do evangelho
Esta verdade de Jesus remete-nos à pessoa das autoridades constituídas: É preciso dar César a Deus. Jesus não nega os outros serviços (poderes) da sociedade, mas exige que se faça a justiça do Reino. A Igreja não tem mais a pretensão de dominar o mundo com um reino político, como na Idade Média, mas tem obrigação de alertar e denunciar quando os donos do mundo querem usar o mundo para seu proveito e não para Deus. Vemos a parábola dos vinhateiros maus. A leitura de Isaias coloca a figura de Ciro para cumprir o projeto de Deus. Se a autoridade vive o evangelho, o mundo vai ser diferente. Seu poder torna-se também poder e força do Espírito Santo.
O dirigente político, industrial, financiário etc...sanitário tem a responsabilidade transformar o mundo no reino de Deus. Isso é dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Nosso compromisso é com o Reino, força transformante em vida e fraternidade. É a promoção humana que inclui também o espiritual.
(Leituras: Isaias 45,1.4-6; 1 Tessalonicenses 1,1-5; Mateus 22,15-21)
Homilia do 29º Domingo do Tempo Comum
Em outubro de 2002
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