Evangelho segundo São Lucas 12,35-38.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas.
Sede como homens que esperam o seu senhor voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater.
Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá.
Se vier à meia-noite ou de madrugada felizes serão se assim os encontrar».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1858-1923)
abade
«A oração monástica»
Felizes os servos fiéis!
Quando se mantém habitualmente, com fidelidade, o sentimento da presença de Deus, o ardor do amor torna-se constante; «todas as nossas atividades», incluindo as mais vulgares, não só passam a estar «imunes a toda a mancha» (Regra de São Bento, cap. iv), mas são elevadas a um nível sobrenatural; toda a nossa vida passa a irradiar uma claridade celeste, cheia da doçura que «desce do Pai das luzes» (Joc 1,17), e que é o segredo da nossa força e da nossa alegria.
O hábito da presença de Deus dispõe a alma para as visitas divinas. Acontece -- e, a certas almas, acontece com frequência -- experimentar-se, a despeito da boa vontade, uma real dificuldade em fazer oração à hora marcada; a fadiga, o sono, uma má disposição, as distrações, tudo isso contraria os melhores esforços, e chegam a secura e a aridez espirituais. Apesar disso, deve a alma permanecer fiel e fazer o que pode para se deixar ficar ao pé do Senhor, ainda que esteja desprovida de impulso e de fervor sensível: «Estou sempre contigo, tu tomaste a minha mão direita» (Sl 72,23); Deus mostrar-Se-á noutra altura. Digamos acerca destas visitas do Senhor aquilo que a Escritura proclama sobre o seu aparecimento no termo da nossa existência: «Não sabeis a que horas virá o Senhor» (Mt 24,42).
Se vivermos sempre, seja na cela, no claustro, no jardim ou no refeitório, recolhidos na presença divina, Nosso Senhor virá, a Trindade virá, com as mãos cheias de luz, com aquela claridade que nos invade até ao fundo de nós próprios e que tem por vezes uma repercussão considerável na nossa vida interior. Sejamos, pois, pelo nosso recolhimento, «como homens que esperam o seu senhor»; e o Senhor, encontrando-nos despertos, nos fará entrar com Ele na sala do banquete.
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