domingo, 27 de setembro de 2020

Homilia do 26º Domingo Comum (27.09.20)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“A escolha que salva” 
 Eles nos precederão 
Um pai que confia nos filhos e abre possibilidades de participar de sua vida. E como resposta tem o desconhecimento. Jesus conta uma parábola dos dois filhos que recebem ordem do pai para irem trabalhar em sua vinha. Um diz sim e não vai, o outro diz não, mas, refletindo melhor, vai. Está comparando com a resposta que os chefes do povo dão a Deus. Deus o escolheu e lhe deu uma missão. Por sua vida e procedimento deram uma resposta negativa. Os pecadores, cobradores de impostos e prostitutas, por sua vida, davam uma resposta negativa, mas acolheram Jesus e creram Nele. Por isso precederão aos escolhidos de Deus que não responderam crendo em Jesus. Os pecadores creram e se arrependeram. Os sumos sacerdotes e os chefes não creram e nem mudaram de vida. Vemos na Igreja uma religiosidade que não penetra o coração e causa um fechamento à proposta do Reino que tocaria profundamente suas vidas. Não houve conversão. Para nós, que pensamos que vivemos o Reino de Deus, essa parábola nos leva a refletir sobre as permanentes propostas de Deus para nossa vida cristã na comunidade e, mesmo não negando abertamente, tomamos atitudes de quem desconhece. Como se diz: “O assunto não é comigo”. O que dá vigor ao Evangelho é a resposta dada com radicalidade. A primeira leitura mostra que Deus perdoa quando há conversão. E, se vivermos mal, passamos para a desobediência e perdemos a graça e a salvação. 
Ter os sentimentos de Cristo 
Paulo, nessa carta aos Filipenses, se debruça sobre o mistério de Cristo numa grande meditação de sua condição Divina que se encarna e vai ao extremo, a morte. O texto não é da teologia de Paulo. É um hino que o encantou. É a grande reflexão sobre a aniquilação (kénosis) que Cristo faz para salvar a humanidade e comunicar sua vida e sua graça. Vemos aí a força de reflexão dessa comunidade. Compreendeu que a Encarnação não é a bela festa de Natal, mas é o tremendo abaixamento do mistério de Deus que se abre ao mistério do homem perdido pelo pecado. É o mistério da obediência que ouve a vontade do Pai e vai ao extremo em sua realização. “Por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Paulo descreve que essa é a atitude que nos faz ter os mesmos sentimentos de Cristo que é o modelo da vida da comunidade. Somente assim vamos construir uma Igreja que pode ter força de mudar o mundo. Não é essa a mentalidade do mundo. As pessoas que melhor serviram o mundo foram as que pensaram mais nos outros. Somos assim conhecidos por nosso Pastor, como cantamos na aclamação ao Evangelho: “Minhas ovelhas escutam minha voz e eu as conheço. Então elas me seguem”. 
Que Deus se lembre 
Nesse contexto um pouco tenso, contemplamos Aquele que será nosso “terrível” juiz. Provocamos Deus para que se lembre e faça memória de sua bondade: “Recordai, Senhor e vossa compaixão que são eternas... lembrai-vos porque sois misericórdia e bondade sem limites” (Sl 24). Estamos em contínua reflexão sobre nossa condição de fragilidade e risco de nos perder no caminho de Deus. Por isso clamamos com força que cuide de nós e “não nos deixe cair em tentação e nos livre do mal”. Que tenhamos sempre os sentimentos de Jesus. Assim não corremos o risco de nos perder. Ele é a salvação. Saindo de nós, encontramos os irmãos aos quais vamos, como fez Jesus ao dar a vida. 
Leituras:Ezequiel 18,255-28;Salmo 24;
Filipenses 2,1-1; Mateus 21,28-32. 
1. Uma religiosidade que não penetra o coração se fecha à proposta do Reino. 
2. Os sentimentos de Cristo são o modelo da vida da comunidade. 
3. Provocamos Deus para que se lembre, faça memória de sua bondade.
Afundou sem afogar 
É bonito ver quem sabe se virar dentro d’água. Parece peixe dentro d’água. Deve ser triste se afogar. Estamos diante de Deus que nos dá o exemplo maior de viver na pessoa de seu Filho. A carta aos Filipenses faz uma apresentação de Jesus que mostra como se afundar sem se afogar e se perder. Em sua entrada no mundo para nossa, Ele se afundou totalmente na condição humana. Para Ele não era problema nenhum se humilhar até o extremo: se fez homem, se fez escravo, se fez obediente até à morte e morte de cruz. Afundou mesmo. Por isso Deus O exaltou. Não vai haver subida, se não houve essa descida, como fez Jesus. Hoje cheguei ao número 2000. Que faça bem a muitos. Agradeço a atenção e colaboração. Foi um esforço conjunto. Deus seja louvado pelo bem que fizemos.

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