domingo, 17 de maio de 2020

Homilia do 6º Domingo da Páscoa (17.05.20)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
“Darei outro Defensor”
Não vos deixarei órfãos 
Jesus sintetiza durante a santa Ceia, no dizer de João, todo seu ensinamento. Os discípulos podem compreender que o Mestre lhes passa, não somente um ensinamento, mas entrega-se a eles, como fez na Eucaristia. Faz uma grande revelação de Si mesmo. O evangelho de João concentra o núcleo do ensinamento de Jesus. Dizemos que Jesus dá o Espírito Santo. Aqui temos a revelação de quem é o Espírito Santo: “Se me amais, guardareis meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Defensor, para que permaneça sempre convoco: o Espírito da Verdade” (Jo 14,15-17). Por isso não ficaremos órfãos (Jo 14,18). É o Dom de Jesus, prometido cinco vezes durante a Ceia: Espírito da Verdade (Jo 14,16-17). É o mesmo que estava em Jesus. Está unido a Ele que diz: “Eu sou a Verdade”. Dará testemunho de Jesus, que não é uma verdade inacessível. Ele ensinará tudo. Nada ficará oculto. Mais ainda: Ele será a memória permanente. Nada se perdera de tudo o que foi dito e precisamos saber. Não precisamos de novas doutrinas. Vemos pela história como a verdade passa pelos tempos, sempre a mesma, explanada com clareza pela sabedoria da Igreja e de seus filhos. Jesus, o intercessor junto do Pai, dá-nos um defensor, o Espírito Santo. O mesmo testemunho que o Espírito dá, os fiéis darão, com sua garantia. Sempre será um questionador do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento (Id 7-11). Conduz à plena verdade, pois nos ensina o que recebeu do Filho (id 11-17). Nós cristãos, não temos consciência da ação do Espírito Santo como realizador da Igreja. 
Frutificar o sacramento pascal 
A oração da Pós-Comunhão faz um pedido que quer levar à prática os frutos da Ressurreição de Cristo: “Oh Deus, que pela Ressurreição de Cristo nos renovais para a vida eterna, fazei frutificar em nós o sacramento pascal e, infundi em nossos corações a força desse alimento salutar”. A Eucaristia nos faz participar no mistério da Ressurreição de Cristo, num momento espiritual, entramos em comunhão e somos conduzidos por este defensor à prática. Celebrar é viver. Em sua entrega ao Pai, Jesus levou-nos com Ele e se faz presente em nós quando O levamos em nossas ações. Assim ressuscitamos o mundo para que seja sempre de acordo com os sentimentos de Jesus. Jesus passou entre nós fazendo o bem. É sua garantia de Ressurreição. Sempre está seguro do que faz, porque faz o que o Pai quer, como vemos no Horto das Oliveiras: “Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice, contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39). Frutificamos quando buscamos viver o Evangelho . Seus mandamentos não são pesados (1Jo 5,3). Não podemos olhar a Ressurreição de Jesus só como algo espiritual. Ela é vida. 
Vida que corresponda ao mistério 
Rezamos na oração da coleta: “Ó Deus, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra de Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos”. O que vemos nessa oração? A celebração é louvor, mas vai também à vida. Como viver um mistério? “A vida corresponda ao mistério”. A primeira correspondência são os sacramentos. Eles penetram a vida com sua dinâmica redentora e mestra de vida. Vivemos a salvação e a levamos à vida, seguindo as significações do sacramento. Cristo fez o caminho da morte para a vida. Nós o realizamos em nossas ações tirando de nós o que é morte para plantar a vida. Como? Vivendo como Ele viveu no amor de permanente entrega aos irmãos. Para se entregar é preciso desprender-se de todo mal. 
Leituras: Atos 8,5-8.14-17; Salmo 65; 
1 Pedro 3,15-18; João 14,15-21. 
1. Não temos consciência da ação do Espírito Santo como realizador e defensor da Igreja. 
2. A Eucaristia nos faz participar no mistério da Ressurreição de Cristo. Por ela somos conduzidos à prática. 
3. Os sacramentos penetram nossa vida com sua dinâmica redentora e mestra de vida. 
Vôo do Espírito 
Temos o costume de representar o Espírito Santo como uma pombinha. Na verdade o que representa o Espírito é o vôo da pomba. Esse belo movimento lembra o movimento do Espírito. Não depende de nós. Ele é fascinante e tudo penetra. Assim é a ação do Espírito Santo que paira sobre nós e nos envolve. Ele sempre esteve presente na Igreja, pois não depende dela. Ela nasce Dele e por Ele é sustentada, mesmo que não tenha consciência. É hora de nos abrirmos mais para conhecê-Lo e acolhê-Lo sempre mais.

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