quarta-feira, 9 de outubro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Tempo de vigilância”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Ficai vigiando 
Entramos num tempo litúrgico em que refletimos sobre a vigilância. É uma questão importante que tem ficado fora de nossa reflexão e vivência cristã. Era um assunto vital para o começo da Igreja. Como o Senhor começou a demorar, foi–se descuidando de sua vinda. Há falsos profetas que andam profetizando sobre datas para o fim do mundo. Não tem dado certo. Jesus continua a insistir: “Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora” (Mt 25,13). Mateus apresenta três parábolas que aludem ao fim: as parábolas das dez virgens, dos talentos e o juízo final. O sentido da vigilância não é só o medo de ser pego de surpresa, mas a consciência de estar pronto porque vive no Senhor. A idéia que fundamenta vigilância é a certeza: “O Esposo vem!”, isto é, o Senhor. O Reino vem de improviso. Vejamos os símbolos: O número 10 (eram 10 virgens) indica totalidade. Todos são chamados. Sair ao encontro do esposo é ir ao encontro de Cristo. O noivo retarda e as virgens cochilam e dormem: Simboliza o estado de sonolência que tem quem espera sem se “ocupar com o Reino de Deus. Quando se ouve o grito: “Eis que chega o esposo”! A espera demorada se torna espera imediata. É o momento de preparar as lâmpadas. Entra a questão das que não têm óleo suficiente. A espera imediata sempre supõe uma longa preparação. É preciso, quando se vai viajar, averiguar se está em dia. Elas foram despertadas: É preciso viver um clima de ressurreição. As que têm óleo para a lâmpada não socorrem as outras colegas. Cada um tem que assumir sua parte. 
Sede de Deus 
 A vigilância não é somente um problema de espera. Os cristãos se cansaram de esperar o Senhor que viria logo. É uma questão de sabedoria. Sabedoria é um dom. É o próprio amor Divino. Para nós é o Espírito Santo. Ele nos move continuamente a buscar, como rezamos no salmo: “Minha alma tem sede de Vós e Vos deseja como terra sedenta e sem água” (Sl 62). É a loucura da vida provocada pelo profundo desejo do encontro com Deus. Até se diz que de louco e de santo, todo mundo tem um pouco. A loucura por encontrar Deus não é um desatino, mas um empenho que envolve toda a vida e a pessoa toda. O desejo do encontro com Deus não é diminuído pela incerteza do dia. O óleo que está sempre à disposição para acender nossa lâmpada é símbolo da busca permanente de ir ao encontro do Senhor para participar da festa do Reino. Essa abertura ao Reino jamais é saciada. Sempre se quer mais. Não são momentos impossíveis aos simples e pecadores. Quanto mais nos aprofundamos na busca do Senhor, mais temos que buscar. A porta se fecha somente quando não queremos. O crescimento espiritual não é acumular bens espirituais e atividades, mas aprofundar sempre mais a sede de Deus. Isso é sabedoria. 
Certezas do futuro 
“Vigiai, pois não sabeis nem o dia e nem a hora” (Mt 25,13). A incerteza não prejudica a busca do futuro. O Senhor retarda para que possamos buscá-lo sempre mais. Nessa busca está a certeza de um dia, no dia do Senhor, nós nos encontraremos face a face. Por isso Paulo nos traz, na segunda leitura de Tessalonicenses (1Ts 4,13-18), a garantia da ressurreição, futuro de toda nossa esperança. Ela não é somente uma certeza que vamos viver para sempre e o futuro nos abre esse caminho, mas ensina que estamos em contínuo processo de conversão. Jesus vive dessa certeza. Por isso caminha sempre decidido para realizar o desígnio do Pai e cumprir sua vontade. 

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