PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Natal, coisa da gente
A serenidade do Natal tem origem naquela noite distante, no escondido de um lugar humilde, no coração de duas pessoas cheias de ternura para com um Menino recém-nascido. Ele era o Filho de Deus. É muito difícil falar do nascimento de Jesus. É como sentir o sabor de uma fruta que não se comeu. A celebração da liturgia procura os sentimentos através dos textos litúrgicos. Esse nascimento é como diz Isaias, para a alegria da paz. Compara com as festas da colheita ou com a vitória sobre o inimigo. O salmo 95 nos convida a cantar efusivamente diante de todas as nações. É um louvor que vem de toda a natureza. Vem do fundo do mar, vem dos campos de frutos abundantes. Exultam as florestas e as matas. Céus e terra exultam. Nada fica fora do louvor. Esse louvor é completado pelos Anjos que fazem um coro celestial. Somos convidados e alimentar nossa alegria abandonando toda impiedade e paixões e vivendo no mundo com equilíbrio e piedade (Tt 2,11-14). A alegria está na libertação dos males e na busca da vida que nos foi comunicada pelo Menino de Belém. A narrativa do nascimento de Jesus, tão sucinta e cheia de ternura, mostra como se realizou o projeto salvador de Deus. Deus parte do homem para alcançar o coração do homem. O amor de Deus manifestado em Cristo passa pela condição humana, deixando-nos na certeza de que podemos fazer o mesmo. Nós nos associamos aos anjos para cantar: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14). Os pastores participam desse louvor indo a Belém ver o Menino.
Bom negócio
A reflexão dos grandes mestres da fé sobre o nascimento de Jesus usa o termo intercâmbio, comércio e troca de presentes. Os santos Padres exclamam: “Ó admirável comércio”! Rezamos na oração sobre as oferendas: “Acolhe, ó Deus, a oferenda da festa de hoje, na qual o Céu e a terra trocam os seus dons”. Damos um presente a Deus: nossa humanidade. Deus nos retribui com sua Divindade. Em Jesus está a síntese de tudo: Homem-Deus. Continuamos: “Dai-nos participar da Divindade Daquele que uniu a Vós a nossa humanidade”. Não é só um ensinamento, mas um caminho de salvação na busca permanente de unir nossa vida à vida de Deus. É o processo permanente de conversão na redenção que Jesus nos fez. Na espiritualidade conhecemos esse processo como divinização. Vamos assumindo a Vida de Deus. Espiritualidade não é um sentir-se bem, mas um permanente abrir-se à divindade. Jesus Se encarnou após o sim de Maria. Deus usa conosco o mesmo caminho do respeito a nossa liberdade e atitude de assumir a Divindade. Deus enviou Jesus para abrir-nos à comunhão com Ele.
Um canto suave
Quando ouvimos um coral muito bonito, dizemos: Parecem anjos cantando. Quando vemos os Anjos cantando na noite de Natal, no nascimento de Jesus, podemos dizer: é gente cantando. É um canto suave, pois Ele é o construtor da paz. É linguagem de gente. Os Anjos cantaram diante dos pastores palavras Divinas e as transformaram em palavras humanas. A paz que anunciam para a terra é a mesma que trazem do Céu. Por isso chamamos Jesus de Príncipe da Paz. Consequentemente Jesus estabelece a paz com o seu mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Celebramos a beleza do Natal. Para Jesus, a memória do Natal se dá em cada ato de amor que realizamos, desde um sorriso até uma vida doada, entregue no amor. Por isso ele deve permanecer o ano todo nos instruindo. O espírito do Natal continua em Jesus, pois sempre é o pequenino.
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