PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Tempo de salvação
O novo Ano Litúrgico inicia um caminho completamente novo. É como uma escada em espiral. Parece que vemos a mesma paisagem, mas de um ponto de vista mais elevado. É a noção cristã do tempo. Não voltamos ao mesmo lugar, como ensinavam os gregos, nem somente caminhamos para frente, como ensinam os judeus, mas retomamos o caminho, sempre além do que já fizemos. É o tempo novo de viver a graça da salvação. É a conversão permanente. Por isso, é tempo de vigilância. A vinda do Senhor não será para nos condenar, mas para colher os frutos que o Espírito Santo realizou em nós. Diante de temores que podem nos provocar sua chegada de improviso, sentimos nossa fragilidade como nos diz o profeta Isaias: “Todos nós nos tornamos imundícies, e todas as nossa obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas e nossas maldades empurram-nos como o vento” (Is 63,5). Mesmo assim professamos: “Assim mesmo, Senhor, Tu és nosso Pai, nós somos barro; Tu nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos”(Is 63,7). O senso de fragilidade e de pecado nos estimula a ir com mais vigor em nossa busca de Deus. Clamamos pela bondade de Deus, na certeza de que ela não nos faltará: “Voltai-vos para nós, Deus do Universo!... Visitai vossa vinha e protegei-a” (Sl 79). A fé nos ensina a não perder nunca a esperança. O Senhor vai voltar! O tempo do Advento está voltado tanto para a vinda futura, como para sua vinda no Natal. A doçura de seu nascimento nos garante sua bondade como Juiz.
Ardente desejo
Não ficamos à mercê dos acontecimentos, mas nos abrimos à ação do Deus Salvador. Rezamos no salmo: “Assim mesmo, Senhor, Tu és nosso Pai e nós somos o barro; Tu, nosso Oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos” (Sl 79). O ardente desejo que temos da vinda do Senhor corresponde à obra maravilhosa que realiza em nós. Essa imagem do oleiro está presente no profeta Jeremias (Jr 18,1-23). Lembramos que o homem é um vaso feito pela mão de Deus. Foi com capricho que Deus nos fez. Como fez, cuida. Com Ele cuidamos para que esse vaso realize sempre mais ao projeto de Deus. O desejo que temos da vinda de Cristo corresponde à resposta de Deus. Mesmo que nos tenhamos extraviados, nossa súplica é ouvida: “Ah se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de Ti” (Is 63,19b). A ação de Deus por nós é imensa na comparação do profeta. Sua bondade supera nossa injustiça: “Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais os olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que Nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria” (Is 63,3).
Correr com as boas obras
Não há como nos desesperarmos, pois o Deus que vem ao nosso encontro já nos deu tanta coisa. Paulo assim se dirige aos Coríntios: “Em Cristo fostes enriquecidos em tudo, em toda a palavra e em todo conhecimento... Assim não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso Jesus Cristo” (1Cor 1,5-7). Não estamos abandonados à nossa sorte esperando ser pegos em nossa fraqueza: “Ele vos dará a perseverança em vosso procedimento, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo” (8). O sentido de vigilância é dar-nos estimulo às boas obras. Rezamos: “Concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino Celeste, para que acorrendo com as boas obras ao encontro do Cristo que vem...”
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