sexta-feira, 4 de outubro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Eles partiram, mas estão conosco”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
1957. Onde estás, ó morte? 
Celebramos todos os anos o dia de Finados. Lembramos os que fizeram parte de nossa vida. É um momento de pensar na realidade da qual não escapamos. As Sagradas Escrituras colocam a morte como fruto do pecado. Vencendo o pecado, a morte está vencida por Jesus Cristo, como nos ensina S. Paulo: “Se, com efeito, pelo pecado de um só a morte imperou através deste único homem (Adão), muito mais os que recebem abundância da graça e do dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo” (Rm 5,17). Cremos que somos corpo e alma. No ato de nossa criação é criada por Deus, para cada um, uma alma imortal... Com a morte há a separação e, com a ressurreição, a união. Falamos em linguagem humana. Não haverá uma viagem da alma para outros corpos. Cada corpo pertence a essa alma. Seremos eternamente os mesmos, e nenhuma alma fica em um depósito esperando o dia final quando a matéria será glorificada. Como Jesus falou ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso”. O dia final não faz parte de nosso calendário. Como Deus o faz ou fará não é de nosso conhecimento. A morte não é o fim. A morte é o termino da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo... a morte aparece como o fim normal da vida (CIC 107). Visitamos os cemitérios, fazemos monumentos. É sinal de que a pessoa existe. Não dizemos o pai que tive, mas meu pai, minha mãe que já estão mortos continuam na condição de vivos. Em outra dimensão. O túmulo é um memorial do que foi vivo. Mas sabemos que a condição humana se modificou. Cremos na vida eterna. O túmulo pode estar vazio de matéria, mas não se aniquilou. 
1958. Nossos mortos estão vivos 
A celebração de Finados, por mais que possa nos doer a saudade, é um dia de vida manifestada nos símbolos da luz através das velas e da alegria, através das flores. Elas nos trazem sempre a certeza da beleza que nos espera. Não é bom ter somente um dia para recordar nossos queridos. É bom sempre estar recordando suas palavras. Há tanta confusão por causa das heranças. Quem fez, fez para si, quem recebe pensa só no direito de receber o que não fez. Por que não batalhamos para conservar as heranças que não acabam? Guardar as palavras, as atitudes, a vida correta não faz parte das heranças. Por essas valeria a pena lutar. A sensação de que estão vivos e não desapareceram de nossas vidas é muito rica e nos ajuda a viver. Temos um elemento importante que mostra essa vida da qual participamos: A união com os falecidos. Temos a comunhão com os vivos, com os santos e com os falecidos. São as três Igrejas de nossa vida: da Terra, do Céu e do Purgatório. 
1959. Oração pelos mortos 
Diz o Catecismo: “Reconhecendo esta comunhão de todo o Corpo Místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primeiros tempos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos mortos” (CIC 985). Nós nos apoiamos na Bíblia: Judas Macabeu fez uma coleta para que se oferecessem sacrifícios pelos soldados mortos com amuletos dos ídolos: “Já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2Mc 12,46). “Nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós”. Como Corpo de Cristo estamos todos unidos Nele e unidos entre nós. A vida de Cristo está em nós e circula por todo o corpo dos fiéis, vivos na terra, vivos no Céu e os defuntos que estão na purificação. Por isso rezamos por eles. Eles rezam por nós. Essa é a doutrina católica.

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