domingo, 3 de março de 2019

EVANGELHO DO DIA 3 DE MARÇO

Evangelho segundo São Lucas 6,39-45. 
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
São Francisco de Sales (1567-1622) 
bispo de Genebra, doutor da Igreja 
Introdução à vida devota, I, cap. 3 
«Cada árvore conhece-se pelo seu fruto» 
Na criação, Deus mandou que as plantas dessem os seus frutos, cada uma «segundo as suas espécies» (Gn 1,11); da mesma maneira, ordenou aos cristãos, que são as plantas vivas da sua Igreja, que produzissem frutos de devoção, cada um segundo a sua qualidade e vocação. A devoção, a vida cristã, deve ser exercida de formas diferentes pelo fidalgo, pelo artesão, pelo criado, pelo príncipe, pela viúva, pela jovem e pela mulher casada; e também é preciso acomodar a prática da devoção às forças, às atividades e aos deveres específicos de cada um. [...] E se o bispo preferisse ser solitário como os monges? E se os casados não quisessem trabalhar como os capuchinhos, se o artesão estivesse todo o dia na igreja como o religioso, e o religioso constantemente exposto a todo o tipo de encontros para o serviço do próximo como o bispo? Tal não seria ridículo, desregrado e insuportável? Este erro, no entanto, é muito frequente. [...] A devoção, quando é verdadeira, em nada prejudica; pelo contrário, tudo aperfeiçoa. [...] «A abelha», diz Aristóteles, «tira o mel das flores sem as estragar», deixando-as inteiras e frescas como as encontrou. A verdadeira devoção faz ainda melhor, pois, não só não prejudica nenhum tipo de vocação nem atividade, como, pelo contrário, as honra e embeleza. [...] Com ela, o cuidado da família torna-se mais pacífico, o amor do marido e da mulher mais sincero, o serviço do príncipe mais fiel, e todos os tipos de ocupação mais suaves e amáveis. Não é só um erro, é também uma heresia querer banir a devoção das companhias de soldados, das lojas dos artesãos, da corte dos príncipes, dos lares dos casais. [...] Onde quer que estejamos, podemos e devemos aspirar à perfeição.

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