quarta-feira, 19 de setembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “O direito de servir”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA - REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
1519. Multiplicando as riquezas.
            Continuamos a reflexão sobre o ensinamento do Papa Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho). Essa temática toca no coração do ensinamento de Jesus para o momento atual. Não é uma invenção do Papa, mas a iluminação da Palavra de Deus para a redenção de todos. Na legislação do Antigo Testamento compreendemos o grande cuidado e carinho de Deus para que o acúmulo não prejudique a felicidade das pessoas e impeça que todos tenham vida. O modelo não é político, é Divino. Refletimos sobre o grave problema do consumismo que se torna a mola do mundo financeiro. É uma máquina que envolve todos e toda estrutura social. Certamente que isso não muda com um estalar de dedos. O problema não é o consumo, como diz nosso Pastor, é a tirania que exerce. A primeira consequência desta tirania é a formação de uma pequena classe que têm o bem estar e uma maioria que não. Não pensemos em nosso mundinho fechado. O mundo vai além de nossos muros. Vivemos num paraíso em comparação com as imensas porções da humanidade que sofre. Junte-se a isso a corrupção, os juros, a ambição do poder com prejuízo para o meio ambiente, para as populações humildes, para as necessidades básicas do povo. Lembramos aí a propaganda que torna o pobre mais pobre, pois é vítima desta tirania. A justiça social não empobrecerá os que possuem, pois o amor multiplica.
1520. Governar a partir do homem
            Temos visto como tudo gira em torno do deus Mamona (dinheiro). A política está voltada para o interesse pessoal, a estrutura eivada pela corrupção e o abuso do poder. Basta abrir os jornais que vemos essas situações bem expressas. Se não houvesse tanto desvio, o país teria condições de superar suas misérias. Por que os cargos públicos são fonte de enriquecimento nem sempre lícito. Papa escreve: “Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano” (58). A desigualdade gera violência e fomenta as guerras, que são fruto da monstruosa venda de armas e lugar de experiências de novos meios de matar. Quando há uma guerra, quem sofre são as populações pobres, sobretudo as crianças. Sabemos que a corrida armamentista é um fruto deste mal. O mal se avoluma e atinge os sistemas políticos e sociais “cristalizado nas estruturas injustas”. O Papa afirma que “os mecanismos da economia atual promovem uma exacerbação do consumo, mas sabe-se que o consumismo desenfreado, aliado à desigualdade social é danoso para a sociedade”. Alguns reclamam de tocarmos nesses assuntos. Eles próprios são vítimas dessa situação. Esse assunto se refere em primeiro lugar ao primeiro mundo.
1521.A alegria de servir
            Nesse quadro complicado da economia (mais complicado ainda se soubermos analisar com mais profundidade), não precisamos de muito conhecimento e sabedoria para reverter a situação. É bom lembrar que ninguém quer tirar nada de ninguém. Lembramos que Maria rezou: “Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 2,52-53). Essa poesia se move pela contraposição. D. Helder Câmara (foi tão perseguido por essa raça de gente) diz que não precisamos reverter o quadro, mas todos somos irmãos. O dom de servir é muito maior e dá uma alegria que não termina. Jesus não precisou desse esquema. S. Francisco, o pobre, e tantos outros viveram essa verdade e são lembrados até hoje. Onde estão os donos do mundo passado que geraram essa situação? Nem seus nomes existem mais. Colocar-se a serviço do mundo é ser servido por Deus.
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