PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
Já é hora de despertar
Iniciando o Ano Litúrgico, não só
mudamos uma página do calendário, mas damos um passo grandioso ao encontro do
Senhor que vem. O Advento é tempo da espera e tempo da acolhida. Caminhamos
para o encontro do Senhor quando vem para inaugurar o Reino definitivo. É tempo
de acolhida que nos leva de modo sacramental ao Presépio para receber o “Filho
que nos foi dado” (Is. 9,5). Não vivemos
a espera sofrida de um castigo, mas a serena expectativa de receber “o Reino
que nos está preparado desde toda eternidade” (Mt 25,34). É com o coração do pastor que vamos a Belém. É com
a disposição de um Rei Mago que enfrentamos o caminho para ir ver o “Rei que
acaba de nascer” (Mt 2,2). O
Evangelho nos convida a estar vigilantes. Não sabemos a hora, mas virá. Jesus
aconselha: “Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o
Senhor”... “Ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do
Homem virá” (Mt 24,42.44). Cada
dia nos coloca mais perto deste momento. Paulo nos convida: “Vos sabeis em que
tempo estamos, pois já é hora de despertar. A salvação está mais perto de nós
do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11).
Como relata Jesus, vivemos como no tempo de Noé: comendo, bebendo, casando, sem
nada perceber até que veio o dilúvio e arrastou a todos. É preciso estarmos
despertos e ver nos acontecimentos os sinais do Deus que vem ao nosso encontro.
Isso não é uma ameaça, mas um dom.
Transformando as estruturas
O Advento não é só uma “festa
litúrgica” que prepara o Natal e depois se encerra esperando o ano novo. É o
tempo de colocarmos em prática o projeto de Deus para o mundo renovado por seu
Filho. O profeta Isaias coloca simbolicamente Jerusalém como ponto para o qual vão
se dirigir todos os povos. Agora é o Reino de Deus que se inaugurou com a
presença de Jesus. O Reino não é político e nem se equipara aos demais modelos
políticos. Ele é a força de Deus que muda as estruturas. Podemos transformar o
sonho do profeta em realidade. Ele via um mundo novo que transforma as espadas
em arados e as lanças em foices (Is 2,4). A
indústria e a tecnologia bélicas além de consumirem um montante financeiro
incalculável aumentaram a capacidade de destruição que poderia ser geradora de
vida à imensa multidão que não tem acesso ao mínimo necessário para a vida.
Crer em Jesus significa criar novas estruturas para o mundo. Os donos do mundo
são sócios dos donos da morte. Há pessoas que possuem grandes dons e riquezas,
mas não sabem usar para dar condições de via a outros. Seriam duplamente ricos,
pois o seriam também ricos para Deus.
Acorrer com boas obras.
O Advento tem também
uma conotação de conversão. Paulo diz que é hora de revestir-se de Cristo com as
armas da luz, produzindo boas obras, despojando-se das trevas e evitando as
obras do mal (cita: glutonerias, bebedeira, orgias e imoralidades, brigas e
rivalidades). A renovação leva em conta também estarmos atentos ao que acontece
no mundo. Os conterrâneos de Noé não perceberam o que estava acontecendo. Jesus
usa a parábola do ladrão. Devemos estar vigilantes para que não sejamos
roubados em nossos valores espirituais e humanos. É preciso cuidar da criação e
da humanidade. Cada Advento nos chama “a amar desde agora o que é do Céu e,
caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”
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