terça-feira, 10 de abril de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Advento, tempo da Esperança”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Já é hora de despertar
            Iniciando o Ano Litúrgico, não só mudamos uma página do calendário, mas damos um passo grandioso ao encontro do Senhor que vem. O Advento é tempo da espera e tempo da acolhida. Caminhamos para o encontro do Senhor quando vem para inaugurar o Reino definitivo. É tempo de acolhida que nos leva de modo sacramental ao Presépio para receber o “Filho que nos foi dado” (Is. 9,5). Não vivemos a espera sofrida de um castigo, mas a serena expectativa de receber “o Reino que nos está preparado desde toda eternidade” (Mt 25,34). É com o coração do pastor que vamos a Belém. É com a disposição de um Rei Mago que enfrentamos o caminho para ir ver o “Rei que acaba de nascer” (Mt 2,2). O Evangelho nos convida a estar vigilantes. Não sabemos a hora, mas virá. Jesus aconselha: “Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor”... “Ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24,42.44). Cada dia nos coloca mais perto deste momento. Paulo nos convida: “Vos sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. A salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). Como relata Jesus, vivemos como no tempo de Noé: comendo, bebendo, casando, sem nada perceber até que veio o dilúvio e arrastou a todos. É preciso estarmos despertos e ver nos acontecimentos os sinais do Deus que vem ao nosso encontro. Isso não é uma ameaça, mas um dom.
Transformando as estruturas
            O Advento não é só uma “festa litúrgica” que prepara o Natal e depois se encerra esperando o ano novo. É o tempo de colocarmos em prática o projeto de Deus para o mundo renovado por seu Filho. O profeta Isaias coloca simbolicamente Jerusalém como ponto para o qual vão se dirigir todos os povos. Agora é o Reino de Deus que se inaugurou com a presença de Jesus. O Reino não é político e nem se equipara aos demais modelos políticos. Ele é a força de Deus que muda as estruturas. Podemos transformar o sonho do profeta em realidade. Ele via um mundo novo que transforma as espadas em arados e as lanças em foices (Is 2,4). A indústria e a tecnologia bélicas além de consumirem um montante financeiro incalculável aumentaram a capacidade de destruição que poderia ser geradora de vida à imensa multidão que não tem acesso ao mínimo necessário para a vida. Crer em Jesus significa criar novas estruturas para o mundo. Os donos do mundo são sócios dos donos da morte. Há pessoas que possuem grandes dons e riquezas, mas não sabem usar para dar condições de via a outros. Seriam duplamente ricos, pois o seriam também ricos para Deus.
Acorrer com boas obras.
            O Advento tem também uma conotação de conversão. Paulo diz que é hora de revestir-se de Cristo com as armas da luz, produzindo boas obras, despojando-se das trevas e evitando as obras do mal (cita: glutonerias, bebedeira, orgias e imoralidades, brigas e rivalidades). A renovação leva em conta também estarmos atentos ao que acontece no mundo. Os conterrâneos de Noé não perceberam o que estava acontecendo. Jesus usa a parábola do ladrão. Devemos estar vigilantes para que não sejamos roubados em nossos valores espirituais e humanos. É preciso cuidar da criação e da humanidade. Cada Advento nos chama “a amar desde agora o que é do Céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”

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