Jesus,
em sua caminhada para Jerusalém, continua instruindo seus discípulos sobre os
bens materiais. Vemos que seus problemas são os mesmos de hoje. O cristão têm
muita dificuldade de viver a fé no sistema social e econômico. É a verdade de
seu ensinamento: “não se pode servir a dois senhores” (Lc 16,13). Vemos que muitos políticos,
gente do poder econômico e das bancadas do Congresso que se dizem religiosas ou
se disfarçam num ateísmo prático. São religiosos no que lhes convém. Querem um
verniz de religião, mas sem compromisso de fé. Jesus não é contra o dinheiro
nem contra os bens materiais, mas que eles sejam aproveitados para fazer o bem.
O administrador corrupto, ao se ver despedido e não tendo outro meio de vida,
usa o que era sua comissão para encontrar onde se encostar. Ele foi esperto.
Jesus diz “Os filhos deste mundo são mais expertos em seus negócios que os
filhos da luz” (Lc
16,8). São muito espertos no manejo dos bens materiais a que Jesus chama
de dinheiro injusto. Os que conhecem o Evangelho, sendo possuidores de bens,
deveriam ser mais atilados e com eles fazer amigos que os acolham nas moradas
eternas (9),
isto é, fazer o bem para ir para o Céu. Jesus combate também o mau uso do
dinheiro, como lemos na primeira leitura. Já o profeta Amós denunciava esses
males. Se não colocarmos a data por volta do ano 750 antes de Cristo, poderia
sair nas manchetes de hoje: exploração do povo, opressão, ganância, corrupção,
coronelismo (comprar o pobre por um para de sandália), roubo (falsificar as
balanças). Tudo isso provocará grandes males. Deus vai cuidar dos pobres (Sl 112). Cuidará
através de quem sabe ser fiel nas coisas pequenas. O cristão tem que ser um bom
administrador. Se usar mal os bens materiais, como vão lhe confiar a administração
das riquezas espirituais? Quem cuidar dos pequenos cuida de seu Protetor.
Servir a dois senhores
O pior não é o explorador, mas o
que se diz religioso e comete os crimes contra a lei de Deus, a sociedade e a
natureza. Vemos crimes, corrupção e outras aberrações em pessoas ditas
religiosas, até mesmo consagradas. Não é possível dizer: sou católico, mas não
pratico. Não existe essa denominação no recenseamento do Espírito. Deus não quer a
perfeição, quer a busca da perfeição. A fragilidade faz parte do barro com o
qual fomos feitos. Mas justificar o próprio erro é um mal a si próprio. Jesus é
firme: Quem quiser me seguir abnegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me (Mt 16,24). Tomar a
cruz é viver o evangelho de Jesus. Deus não tem concorrente. Rezamos: Creio em
um só Deus... Muitas pessoas acreditam em tudo e colocam a fé no mesmo nível
das religiões como se fosse a mesma coisa. Jesus diz: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (Jo
14,6).
Espiritualidade política
São Paulo aconselha a participação
espiritual na vida política. Ausentar-se dela um prejuízo para a sociedade,
pois, se temos a sabedoria que vem de Deus, podemos e devemos ajudar. Lidar com
o social com mente espiritual, como nos ensina Paulo ao Timóteo, inclusive
através da força da oração para que todos sejam salvos. Quando dizemos que o
estado é laico, não quer dizer que é ateu. Diz-se laico para dizer que não é
dirigido por uma religião particular, o que é fonte de muito desgosto. Os
princípios fundamentais da lei natural superam o laicismo. Os bens têm uma
destinação social. Deus fez o mundo para
todos. Todos somos administradores para o bem de todos.
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