sábado, 3 de março de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Os bens para um Bem maior.”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Fiel nas coisas pequenas
               Jesus, em sua caminhada para Jerusalém, continua instruindo seus discípulos sobre os bens materiais. Vemos que seus problemas são os mesmos de hoje. O cristão têm muita dificuldade de viver a fé no sistema social e econômico. É a verdade de seu ensinamento: “não se pode servir a dois senhores” (Lc 16,13). Vemos que muitos políticos, gente do poder econômico e das bancadas do Congresso que se dizem religiosas ou se disfarçam num ateísmo prático. São religiosos no que lhes convém. Querem um verniz de religião, mas sem compromisso de fé. Jesus não é contra o dinheiro nem contra os bens materiais, mas que eles sejam aproveitados para fazer o bem. O administrador corrupto, ao se ver despedido e não tendo outro meio de vida, usa o que era sua comissão para encontrar onde se encostar. Ele foi esperto. Jesus diz “Os filhos deste mundo são mais expertos em seus negócios que os filhos da luz” (Lc 16,8). São muito espertos no manejo dos bens materiais a que Jesus chama de dinheiro injusto. Os que conhecem o Evangelho, sendo possuidores de bens, deveriam ser mais atilados e com eles fazer amigos que os acolham nas moradas eternas (9), isto é, fazer o bem para ir para o Céu. Jesus combate também o mau uso do dinheiro, como lemos na primeira leitura. Já o profeta Amós denunciava esses males. Se não colocarmos a data por volta do ano 750 antes de Cristo, poderia sair nas manchetes de hoje: exploração do povo, opressão, ganância, corrupção, coronelismo (comprar o pobre por um para de sandália), roubo (falsificar as balanças). Tudo isso provocará grandes males. Deus vai cuidar dos pobres (Sl 112). Cuidará através de quem sabe ser fiel nas coisas pequenas. O cristão tem que ser um bom administrador. Se usar mal os bens materiais, como vão lhe confiar a administração das riquezas espirituais? Quem cuidar dos pequenos cuida de seu Protetor.
Servir a dois senhores
               O pior não é o explorador, mas o que se diz religioso e comete os crimes contra a lei de Deus, a sociedade e a natureza. Vemos crimes, corrupção e outras aberrações em pessoas ditas religiosas, até mesmo consagradas. Não é possível dizer: sou católico, mas não pratico. Não existe essa denominação no  recenseamento do Espírito. Deus não quer a perfeição, quer a busca da perfeição. A fragilidade faz parte do barro com o qual fomos feitos. Mas justificar o próprio erro é um mal a si próprio. Jesus é firme: Quem quiser me seguir abnegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me (Mt 16,24). Tomar a cruz é viver o evangelho de Jesus. Deus não tem concorrente. Rezamos: Creio em um só Deus... Muitas pessoas acreditam em tudo e colocam a fé no mesmo nível das religiões como se fosse a mesma coisa. Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).
Espiritualidade política
               São Paulo aconselha a participação espiritual na vida política. Ausentar-se dela um prejuízo para a sociedade, pois, se temos a sabedoria que vem de Deus, podemos e devemos ajudar. Lidar com o social com mente espiritual, como nos ensina Paulo ao Timóteo, inclusive através da força da oração para que todos sejam salvos. Quando dizemos que o estado é laico, não quer dizer que é ateu. Diz-se laico para dizer que não é dirigido por uma religião particular, o que é fonte de muito desgosto. Os princípios fundamentais da lei natural superam o laicismo. Os bens têm uma destinação social.  Deus fez o mundo para todos. Todos somos administradores para o bem de todos.

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