Evangelho
segundo S. Marcos 12,28b-34.
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e
perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo
o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum
mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único
e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e
amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e
sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás
longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Francisco de Sales (1567-1622),
bispo de Genebra, doutor da Igreja
«Sobre o amor às criaturas»
O verdadeiro amor
Há certos amores que parecem extremamente
grandes e perfeitos aos olhos das criaturas, e que diante de Deus são pequenos
e de nenhum valor. E a razão é que estas amizadas não estão fundadas na
verdadeira caridade, que é a caridade para com Deus, mas apenas em certas
tendências e inclinações naturais. Pelo contrário, há outros amores que parecem extremamente reduzidos e vazios
aos olhos do mundo, e que diante de Deus serão cheios e muito excelentes,
porque os atos correspondentes se fazem apenas por Deus e em Deus, sem mistura
do nosso interesse pessoal. Os atos de caridade que fazemos por aqueles que
amamos desta maneira são mil vezes mais perfeitos, na medida em que tudo é
puramente por Deus, mas os serviços e outras ajudas que prestamos àqueles que
amamos por inclinação têm muito menos mérito, devido à grande complacência e
satisfação que obtemos com a sua realização, e ao facto de, em geral, os
fazermos mais por este movimento que por amor a Deus. Há ainda outra razão que torna as primeiras amizades de que falámos menores que
as segundas: o facto de não durarem, uma vez que, sendo a sua causa tão frágil,
logo que surge um obstáculo, esfriam e alteram-se; coisa que não acontece
àquelas que são apenas em Deus, porque a sua causa é sólida e permanente. Os sinais de amizade que damos contra a nossa inclinação às pessoas pelas quais
temos antipatia são melhores e mais agradáveis a Deus que aqueles que damos
atraídos pelo afeto sensível. E a isto não deve chamar-se duplicidade nem
dissimulação, porque o sentimento contrário que experimento reside na parte
inferior de mim, e os atos que faço são feitos com a força da razão, que é a
parte principal da minha alma. Assim, aqueles que nada têm de amável são felizes, porque o amor que se lhes dá
é excelente, pois vem de Deus.
http://www.evangelhoquotidiano.org
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