sábado, 10 de fevereiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Ricos para Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Vaidade das vaidades
           O salmo nos leva a rezar: “Ensinais-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria” (Sl 89,12). Jesus conta a parábola sobre o homem que teve uma grande colheita e se sentiu garantido para gozar tantos anos, mas não se lembrou que a vida não depende dele e lhe será tomada. Isso é a loucura. A liturgia da Palavra leva-nos à refletir sobre a vaidade do acúmulo dos bens, pois mesmo que alguém tenha muitos bens, a vida de um homem não consiste na abundância destes bens”(Lc 12,15). Para completar este pensamento, lemos no Eclesiastes sobre esta vaidade de acumular e deixar para outro que em nada colaborou (Ecl 2,21). Havia uma mentalidade, que ainda existe em certos grupos cristãos, que a riqueza é sinal da bênção de Deus. Jesus se contrapõe a isso com esta parábola. Jesus não diz contra os bens, mas contra a ganância que pode endurecer o coração e deixar a riqueza de Deus. Por isso indica o caminho para relativizar as riquezas com seu devido uso não para si, mas para ser rico diante de Deus (21). O consumismo é uma idolatria (Cl 3,5). Jesus chama este tipo pessoas de sem inteligência (Lc 12,20). O grande pecado da humanidade, que é uma das tentações que vemos no início do ministério de Jesus, é viver para as riquezas. Isso invadiu todo o mundo. Aumenta os bens materiais, as possibilidades de vida e aumenta o número dos necessitados. Os pobres sofrem mais não só por não ter, mas pela doença da ganância que os toma também. Pior é a situação dos que tiveram algo mais e foram vítimas da ganância dos outros. É o fracasso humano que os afunda mais ainda. Complicado neste quadro é a busca da religião, de Deus, da oração só para ter bem materiais. É a chamada teologia da retribuição: Dizem que os bens materiais são bênçãos de Deus. E o que não tem bens, é maldito? Jesus não diz isso.
Agir como homem novo
           A leitura da carta de Paulo aos Colossenses responde ao problema das riquezas vividas na ganância: “Se vós ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo... Aspirai às coisas celestes e não às terrestres” (Cl 3,1-2). A Ressurreição transforma também os valores humanos. Os bens são bons quando transformados em bens eternos. Bens são para serem partilhados. Quem os tem não precisa ficar sem, mas que os outros também não fiquem sem. D. Helder diz que não se deve reverter o quadro dos pobres que ficam ricos e dos ricos que fiquem pobres. “Nem ricos nem pobres, mas todos irmãos”. Ressuscitados no batismo, somos chamados a viver uma vida nova. Paulo convida a fazer morrer ao que é da terra, isto é, viver um modo de vida novo segundo o evangelho de Jesus.
 Despojar-se
           Jesus indica esse novo modo de vida ao cristão: “A vida do homem não consiste na abundância dos bens” (Lc 12,1). Resume assim todo modo de viver o Evangelho. Em diversos lugares falou dos bens materiais. Ele próprio deu o exemplo sendo despojado: “O Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8,20). Paulo insiste na pobreza de Cristo: “Embora fosse rico, se fez pobre por causa de vós, para enriquecer-vos com sua pobreza” (2Cor 8,9). O que deve ser abandonado são os vícios que nos levam à pobreza moral, para chegarmos à riqueza dos bens materiais vividos no espírito do Evangelho. Diz Paulo: “Vós vos despojastes do homem velho e de sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo que se renova segundo o Criador” (Cl 2,3,9-10).

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