Naqueles dias, juntou-se novamente uma grande multidão e,
como não tinham que comer, Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Tenho pena desta multidão; há já três dias que estão comigo e não têm que
comer. Se os despedir sem alimento para suas casas, desfalecerão no caminho, porque
alguns vieram de longe». Responderam-Lhe os discípulos: «Como se poderia saciá-los de pão, aqui num
deserto?». Mas Jesus perguntou: «Quantos pães tendes?». Eles responderam: «Temos sete». Então Jesus ordenou à multidão que se sentasse no chão. Depois tomou os sete
pães e, dando graças, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os
distribuíssem, e eles distribuíram-nos à multidão. Tinham também alguns pequenos peixes. Jesus pronunciou sobre eles a bênção e
disse que os distribuíssem também. Comeram e ficaram saciados. Dos bocados que sobraram encheram sete cestos. Eram cerca de quatro mil pessoas. Então Jesus despediu-os e, subindo para o barco com os discípulos, dirigiu-se para a região de
Dalmanutá.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Lucas, VI, 73-88
«Se os despedir sem
alimento para suas casas, desfalecerão no caminho»
Senhor Jesus, sei bem que não queres deixar
em jejum estas pessoas que estão aqui comigo, mas antes alimentá-las com os
alimentos que distribuis; deste modo, fortalecidas com o teu alimento, não
recearão desfalecer de fome. Sei bem que também não nos queres mandar embora em
jejum. [...] Tu o disseste: não queres que eles desfaleçam no caminho, isto é,
que desfaleçam no decurso desta vida antes de chegarem ao fim do percurso,
antes de chegarem ao Pai e perceberem que Tu provéns do Pai. [...] O Senhor tem piedade, para que ninguém desfaleça no caminho. [...] Assim como
faz chover tanto sobre os justos como sobre os injustos (Mt 5,45), também
alimenta tanto os justos como os injustos. Não foi graças à força do alimento
que o santo profeta Elias, quase a desfalecer, conseguiu caminhar durante
quarenta dias? (1Rs 19,8) Foi um anjo que lhe deu esse alimento; mas a vós, é o
próprio Cristo que vos alimenta. Se conservardes o alimento assim recebido, não
caminhareis quarenta dias e quarenta noites [...], mas quarenta anos, desde a
vossa saída dos confins do Egito até à vossa chegada à terra da abundância, à
terra onde correm o leite e o mel (Ex 3,8). [...] Cristo partilha os víveres e quer, sem dúvida alguma, dá-los a todos. Não os
recusa a ninguém, pois dá-os a todos. Mas se, quando Ele parte os pães e os dá
aos discípulos, não estenderdes as mãos para receber o vosso alimento,
desfalecereis no caminho. [...] Este pão que Jesus parte é o mistério da
palavra de Deus: quando é distribuída, aumenta. Com poucas palavras, Jesus
forneceu a todos os povos um alimento superabundante. Ele deu-nos os seus
discursos como pães e, enquanto os saboreamos, eles multiplicam-se na nossa
boca. [...] Quando as multidões os comem, os pedaços tornam a aumentar,
multiplicando-se. Tanto assim é que, no fim, os restos são ainda mais
abundantes do que os pães que foram partilhados.
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