Evangelho
segundo S. Marcos 2,23-28.
Passava Jesus através das searas num dia de sábado e os
discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas.Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é
permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e
sentiu fome, ele e os seus companheiros? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da
proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e também os deu aos
companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Exortação apostólica «Sacramentum caritatis» §72
(trad. © copyright Libreria
Editrice Vaticana rev.)
«O Filho do homem é também
Senhor do sábado»: a libertação trazida por Cristo
Esta novidade radical que a Eucaristia
introduz na vida do homem revelou-se à consciência cristã desde o princípio;
prontamente os fiéis compreenderam a influência profunda que a celebração
eucarística exercia sobre o seu estilo de vida. Santo Inácio de Antioquia
exprimia esta verdade designando os cristãos como «aqueles que chegaram à nova
esperança», e apresentava-os como aqueles que vivem «segundo o domingo». Esta
expressão do grande mártir antioqueno põe claramente em evidência a ligação
entre a realidade eucarística e a vida cristã no seu dia a dia. O costume
característico que os cristãos têm de se reunir no primeiro dia depois do
sábado para celebrar a ressurreição de Cristo — conforme a narração do mártir
São Justino — é também o dado que define a forma da vida renovada pelo encontro
com Cristo. Mas a expressão de Santo Inácio — viver «segundo o domingo» — sublinha também o
valor paradigmático que este dia santo tem para os restantes dias da semana. De
facto, o domingo não se distingue com base na simples suspensão das atividades
habituais, como se fosse uma espécie de parêntesis dentro do ritmo normal dos
dias; os cristãos sempre sentiram este dia como o primeiro da semana, porque
nele se faz memória da novidade radical trazida por Cristo. Por isso, o domingo
é o dia em que o cristão reencontra a forma eucarística própria da sua
existência, segundo a qual é chamado a viver constantemente; viver «segundo o
domingo» significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar
a própria existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se
manifeste plenamente a todos os homens através duma conduta intimamente
renovada.
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