terça-feira, 17 de outubro de 2017

Santa Margarida Maria Alacoque – 17 de outubro


Apóstola da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
     Margarida Maria Alacoque nasceu no dia 22 de julho de 1647, na Borgonha, França. Seu pai, Claude Alacoque, era escrivão real; sua mãe, Philiberte Lamyn, era filha do também escrivão real François Lamyn. Sua família de posses, religiosa, com reputação de seriedade e honra, sofreu duro golpe após a morte do pai. Margarida teve uma juventude difícil: enfermidades, sua e da mãe, a resistência dos parentes para que abraçasse a vida religiosa. Finalmente, aos 24 anos, entrou no convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial, Ordem fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.
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     Ela permaneceu entre as Visitandinas por 20 anos, e desde o princípio se ofereceu como “vítima ao Coração de Jesus”. Foi incompreendida pelas religiosas, mal julgada pelos superiores; até os diretores espirituais desconfiaram dela julgando-a uma visionária.
     Finalmente, São Cláudio La Colombière tornou-se o guia precioso desta mística Visitandina, ordenando-lhe narrar, numa autobiografia, as suas experiências místicas. Por inspiração desta Santa a festa do Sagrado Coração de Jesus nasceu, e a ela se deve a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras do mês.
     Santa Margarida Maria faleceu no dia 17 de outubro de 1690, em Paray-le-Monial, na França. Em março de 1824, Leão XIII a declarou Venerável, e em 18 de setembro de 1864, Pio IX a beatificou. Santa Margarida Maria foi canonizada por Bento XV em 1920.
     Quando seu túmulo foi aberto canonicamente, em julho de 1830, ocorreram duas curas instantâneas. Seu corpo repousa sob o altar da capela em Paray, e muitos favores são obtidos por peregrinos atraídos a este lugar de todas as partes do mundo.
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     A humilde visitandina, à qual o Sagrado Coração de Jesus fez suas confidências, viveu no tempo em que reinava na França Luís XIV, consagrado universalmente com o título de Roi-Soleile, epíteto que correspondia à realidade, diziam que havia nele estofo para cinco reis. Luís XIV representava o tipo clássico daqueles reis de contos de fada que costumam deslumbrar a imaginação das crianças.
     Com uma alma privilegiada chamada a grandes realizações, cheio de predicados físicos e de grande personalidade, se aquele Rei tivesse seguido o exemplo de São Luis, talvez ele tivesse podido impedir a explosão da Revolução Francesa, a pseudo-reforma protestante sofresse desastres irreparáveis, e a História teria tomado um outro rumo.
     A vida de Luis XIV teve altos e baixos. Ávido de prazeres, ambicioso e vaidoso, sacrificou os recursos e prestígio que Deus lhe havia dado à sua sede de prazeres e à sua própria glória. Provocou guerras com o intuito de dilatar seus Estados, desuniu as potências católicas ameaçadas pelo protestantismo; aliou-se aos próprios muçulmanos contra o Santo Império, enfim, mereceu a censura de todos os franceses verdadeiramente católicos, mesmo os seus mais fieis súditos.
     Entretanto, ele prestou assinalados serviços para a Igreja, entre os quais figura com destaque a revogação do Edito de Nantes. Além disso, grandes foram os avanços em todos os campos da vida temporal, impulsionados por sua inteligência e bom gosto.
     O certo é que o Rei não desempenhava aquela missão providencial à qual fora chamado por Deus.
     Em determinado momento, a humilde Visitandina intervém. Entre as revelações que o Divino Redentor lhe fazia, certa feita mandou que ela dissesse ao Rei para consagrar a si próprio e o Reino ao Sagrado Coração. Nosso Senhor usou de um tom imperativo, e deixava claro que a sua recusa acarretaria para ele e para a França os mais severos sofrimentos. O Sagrado Coração de Jesus desejava uma consagração autêntica, que implicava na renúncia a todos os pecados e a todos os erros do Rei.
     Santa Margarida Maria fez chegar a comunicação a Luis XIV por meio de uma pessoa da nobreza com quem tinha relações. O Rei, porém, não lhe deu importância e a consagração não foi efetuada.
     Resultado: o Reino foi caindo mais e mais nos abismos da impiedade e da libertinagem, até que a Revolução Francesa lançou por terra o trono dos Bourbons, e espalhou pelo mundo inteiro o espírito de rebeldia e de ódio a Deus e a Religião Católica.
     Tempos mais tarde, entre os papéis do Rei Luis XVI, encontrados em sua prisão do Templo, se achou uma nota em que este soberano prometia se consagrar, e toda a França, solenemente, ao Coração de Jesus, caso fosse libertado, o que desde logo, em forma privada, ele o fazia no cárcere. Ele esperava com isto que o Coração de Jesus arrancasse a França aos horrores da Revolução. Mas, este ato piedoso valeu apenas para que ele enfrentasse com dignidade a guilhotina, e muitos o consideram como mártir.
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     A devoção ao Sagrado Coração de Jesus enfrentou muitas peripécias na sua expansão, mas atingiu o seu auge na Santa Igreja Católica no século XIX e no período que vai mais ou menos até meados do reinado de Pio XI, já no século XX.
     Esta devoção foi muito estudada, ela teve grandes doutores, entre os quais São João Eudes, ela foi bem recebida pelos papas, Leão XIII fez uma consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Um pouco por toda parte encontramos igrejas consagradas ao Sagrado Coração de Jesus nas cidades construídas em fins do século XIX, ou no começo do século XX no Brasil, por exemplo. Era uma devoção que realmente fazia muito bem às almas.
     Esta devoção começou a ser objeto de uma campanha a partir do momento em que a heresia modernista, condenada por São Pio X, começou a levantar a cabeça com o rótulo de Ação Católica e Movimento Litúrgico.
     No reinado de Pio XI e até o reinado de Pio XII, inclusive, o modernismo não fez senão se desenvolver sorrateiramente dentro da Igreja e começou a combater a devoção ao Sagrado Coração de Jesus numa manobra a mais perigosa: o silêncio! Deixou-se de impulsionar esta devoção; deixou-se de falar a respeito dela; fez-se caso omisso disto.
A Grande Revelação (entre 13 e 20 de junho de 1675)
     Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares”.
     Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra” (¹).
(¹) Cf. Vida e Obras de Santa Margarida Maria, publicação da Visitação de Paray, 1920.

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