quinta-feira, 3 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Aliança no coração”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Cruz da salvação
                Aproximamo-nos da celebração da Páscoa do Senhor, de sua passagem para o Pai. Jesus fez de sua vida uma continua entrega ao Pai. Sempre mostrou claro o que significava sua vida: perder-se para possuir-se; Morrer para ter a Vida. É a glorificação. A cruz de Jesus é atração. Quando os gregos pedem para ver Jesus, Ele entende que é o momento de sua passagem. Para tanto, conta a parábola do grão de trigo: “Se o grão de trigo não cai na terra não morre, e permanece só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). Assim é sua vida, sua morte produzirá o grande fruto de redenção a todos os povos. Há pouco tempo li uma frase que diz que o catolicismo pegou a pior parte da doutrina: a cruz. Paulo é claro: “Os judeus pedem sinais (milagres), os gregos buscam sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, que para os judeus é escândalo, para os pagãos é loucura, mas para os que são chamados, é Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (1Cor 1,22-23). O ser glorificado na cruz mostra que Jesus tem a sua humanidade, pois passou pelas angústias do sofrimento, como lemos na carta aos Hebreus: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus... Mas na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5,7.9). É o grande julgamento: “Quanto eu for elevado da terra atrairei todos a mim” (Jo 12,32). É por isso que temos os crucifixos por toda parte. Não adoramos um Deus morto, mas aquele que, pela morte, teve a vida e nos deu a vida.
Caminhar com a mesma caridade
               Escolhemos certo, pois Jesus confirma: “Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,25). A liturgia deste domingo nos coloca bem dentro desta temática: “Dai-nos a graça de caminhar com alegria na mesma caridade que levou vosso filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo” (Oração). Jesus convida a estar com Ele onde estiver e com a mesma disposição: “Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará o meu servo” (Jo 12,26). O grande prêmio do cristão, aquele que lhe dará a glorificação, é estar unido a Jesus cruz. Há santos que não sofreram? Os mais que se perderam, foram os mais úteis ao mundo: “Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para eternidade” (25).
Ouvir com o coração
               Pelo que vemos na história da salvação, a dureza de coração e o fechamento dos ouvidos foram a desgraça do povo. O coração é o símbolo dos sentimentos para com Deus: “Criai em mim um coração puro e dai-me de novo um espírito decidido” (Sl 50). Junto ao coração temos a obediência à Palavra. Obediência significa estar de ouvidos abertos ao Deus que quer falar. O profeta fala de tempos futuros nos quais vai haver uma aliança nova. Nova em relação à aliança do Sinai escrita em pranchas de pedra. Agora vai ser impressa nas entranhas, isto é no centro dos sentimentos e escrita no escrita coração (Jr 31,33). O contrato é uma escolha amorosa de quem se define por alguém; “Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (id). Dizemos em cada Eucaristia: “Sangue da nova aliança”. Sangue jorrado do coração transpassado pela lança que selou o compromisso definitivo. 

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