PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Senhor, salva-me!
Não tenhais medo
Depois da
maravilhosa multiplicação dos pães, Jesus manda os discípulos seguirem à sua
frente, de barco, para o outro lado do mar. Esse mar é o lago de Genesaré, que
não é muito grande, mas tem tempestades fortes que até hoje são perigosas. Os
discípulos entram numa destas e se desesperam. A Palavra de Deus desse domingo
nos trás duas tempestades: A tempestade do lago e a manifestação de Deus a Elias.
Aparecem fenômenos violentos antes das ondas serenadas e do murmúrio da brisa
no qual Deus fala a Elias. A vida de Elias passava por momentos turbulentos de
perseguição. Jesus vem ao encontro dos discípulos andando sobre as águas. No
escuro, pensaram ser um fantasma. Diz para acalmá-los: “Coragem! Sou Eu.
Tenhais medo”! (Jo 14,27). Mesmo dentro da tempestade,
Pedro pede uma confirmação de Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu
encontro, caminhando sobre a água”. “Vem, respondeu Jesus” (Mt
14,28-29).
Pedro então começa andar sobre as água. Com medo do vento, começou a afundar.
Pedro quis o espetáculo. Jesus lhe mostra que o caminho é a fé. E lhe diz:
“Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31). Com essa, não
há o que temer. Não ter medo é ter força de passar por dificuldades e
sofrimentos e ter a certeza da mão de Jesus. Possibilita também ter, como
Elias, a experiência de Deus no murmúrio da brisa (1Rs
19, 12-13ª).
As dificuldades da vida nos jogam em situações que nos provocam medo. Medo faz
parte da natureza humana. Ter medo da fé, não faz parte da condição espiritual
da fé. Para acalmar o mar revolto da vida é preciso a brisa da fé.
No murmúrio da
brisa
A reflexão que começa pela tempestade
e continua no encontro com Deus. É uma experiência magnífica encontrar-se com
Deus. Para chegar a essa experiência Elias passa por tantos sofrimentos e
perseguições. Cheio de zelo por Deus, é recompensado por um encontro que lhe dá
uma missão de definir o futuro na situação em que vive: unge reis e o profeta Eliseu. Os discípulos têm a
experiência de Jesus que vem sobre as ondas, isto é, está acima do perigo e os
convida a não terem medo. No relacionamento com Jesus na fé, não há lugar para
o medo, para o desânimo e para tirar o corpo como a dizer isso não nem nada a
ver comigo. Dizemos que, quando as águas sobem, aí corremos para Deus. Mesmo
que nos afoguemos, continuamos seguros nele. Jesus passou por isso no Horto das
Oliveiras quando sofre a grande tentação. Seu pavor chegou a tanto que suou
sangue. Estouraram as veias pequenas por causa da grande tensão. Ele soube,
mesmo sentindo sua natureza humana de tal modo sofrida, dizer: “Pai, se é
possível, que passe de mim esse cálice; contudo, não seja como eu quero, mas
como tu queres” (Mt 26,39). Foi capaz de assumir andar
sobre as ondas desse mar revolto de sua vida em sua Paixão e Morte.
Perdendo por
Cristo
No meio das tempestades
encontramos um momento de paz e de serenidade quando somos capazes de entender
nossa participação nos sofrimentos de Cristo, não pelo sofrer, mas pelo ganho
que temos em Cristo. Essa assimilação em Cristo se dá quando entendemos que
perder por Cristo é ganhar. S. Paulo, que era um judeu fiel e devoto, sente o
desejo de ser separado de Cristo como seus irmãos de raça distantes e separados
de Cristo (Rm 9,1-15). É preciso
perder para ter. Quem quer seguir Jesus tem que perder muitas coisas que não
levam a Cristo. Até coisas boas. Pela fé essa perda se torna um ganho. É como
caminhar sobre ondas na tempestade. É sempre um encontro com Deus.
Leituras:
1Reis 19,9ª.11-13ª; Salmo 84; Romanos 9,1-5; Mateus 14,22-33
1.
O perigo e o medo dos discípulos no mar é
vencido pela experiência da fé em Jesus.
2.
A
experiência de Deus, mesmo na tribulação, é sempre de serenidade.
3.
Seguir
Cristo provoca tensões que exigem cortes, mesmo de coisas boas.
Sobre as ondas
A
narrativa da tempestade no mar é o pano de fundo que nos explica quanto se pode
e deve sofrer para que o Reino de Deus se estabeleça no mundo. O mar agitado
simboliza o mundo. A angústia dos discípulos é nossa frágil condição humana no
seguimento de Jesus.
A
presença de Jesus dá a segurança, simbolizada em andar sobre as águas. Com
Jesus podemos superar todos os sofrimentos e perturbações. Pedro se arrisca
sobre as águas, mas com medo do vento, começa a afundar. É bom notar que afunda
de uma vez. Há sempre um caminho de fraqueza. Não podemos duvidar.
O
profeta Elias passa por perturbações, caminha quarenta dias pelo deserto e vai
ao encontro de Deus no monte Horeb. Ali Moisés estivera com Deus. Ali tem a
forte experiência de encontrar Deus. Não O percebe no vento impetuoso nem no
terremoto nem no fogo. Deus estava no murmúrio de uma leve brisa (1Rs
19,11-12).
O profeta está a nos ensinar que Deus é sempre tranqüilidade e serenidade,
mesmo no meio dos maiores problemas.
O
maior mal é o fechamento do coração. Esse é um rumor que impede de Deus ser
ouvido.
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