domingo, 13 de agosto de 2017

Homilia do 19º Domingo Comum (13.08.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Senhor, salva-me! 
Não tenhais medo
Depois da maravilhosa multiplicação dos pães, Jesus manda os discípulos seguirem à sua frente, de barco, para o outro lado do mar. Esse mar é o lago de Genesaré, que não é muito grande, mas tem tempestades fortes que até hoje são perigosas. Os discípulos entram numa destas e se desesperam. A Palavra de Deus desse domingo nos trás duas tempestades: A tempestade do lago e a manifestação de Deus a Elias. Aparecem fenômenos violentos antes das ondas serenadas e do murmúrio da brisa no qual Deus fala a Elias. A vida de Elias passava por momentos turbulentos de perseguição. Jesus vem ao encontro dos discípulos andando sobre as águas. No escuro, pensaram ser um fantasma. Diz para acalmá-los: “Coragem! Sou Eu. Tenhais medo”! (Jo 14,27). Mesmo dentro da tempestade, Pedro pede uma confirmação de Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. “Vem, respondeu Jesus” (Mt 14,28-29). Pedro então começa andar sobre as água. Com medo do vento, começou a afundar. Pedro quis o espetáculo. Jesus lhe mostra que o caminho é a fé. E lhe diz: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31). Com essa, não há o que temer. Não ter medo é ter força de passar por dificuldades e sofrimentos e ter a certeza da mão de Jesus. Possibilita também ter, como Elias, a experiência de Deus no murmúrio da brisa (1Rs 19, 12-13ª). As dificuldades da vida nos jogam em situações que nos provocam medo. Medo faz parte da natureza humana. Ter medo da fé, não faz parte da condição espiritual da fé. Para acalmar o mar revolto da vida é preciso a brisa da fé.
No murmúrio da brisa
          A reflexão que começa pela tempestade e continua no encontro com Deus. É uma experiência magnífica encontrar-se com Deus. Para chegar a essa experiência Elias passa por tantos sofrimentos e perseguições. Cheio de zelo por Deus, é recompensado por um encontro que lhe dá uma missão de definir o futuro na situação em que vive: unge reis e o profeta           Eliseu. Os discípulos têm a experiência de Jesus que vem sobre as ondas, isto é, está acima do perigo e os convida a não terem medo. No relacionamento com Jesus na fé, não há lugar para o medo, para o desânimo e para tirar o corpo como a dizer isso não nem nada a ver comigo. Dizemos que, quando as águas sobem, aí corremos para Deus. Mesmo que nos afoguemos, continuamos seguros nele. Jesus passou por isso no Horto das Oliveiras quando sofre a grande tentação. Seu pavor chegou a tanto que suou sangue. Estouraram as veias pequenas por causa da grande tensão. Ele soube, mesmo sentindo sua natureza humana de tal modo sofrida, dizer: “Pai, se é possível, que passe de mim esse cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39). Foi capaz de assumir andar sobre as ondas desse mar revolto de sua vida em sua Paixão e Morte.
Perdendo por Cristo
            No meio das tempestades encontramos um momento de paz e de serenidade quando somos capazes de entender nossa participação nos sofrimentos de Cristo, não pelo sofrer, mas pelo ganho que temos em Cristo. Essa assimilação em Cristo se dá quando entendemos que perder por Cristo é ganhar. S. Paulo, que era um judeu fiel e devoto, sente o desejo de ser separado de Cristo como seus irmãos de raça distantes e separados de Cristo (Rm 9,1-15). É preciso perder para ter. Quem quer seguir Jesus tem que perder muitas coisas que não levam a Cristo. Até coisas boas. Pela fé essa perda se torna um ganho. É como caminhar sobre ondas na tempestade. É sempre um encontro com Deus.
Leituras: 1Reis 19,9ª.11-13ª; Salmo 84; Romanos 9,1-5; Mateus 14,22-33 
1.    O perigo e o medo dos discípulos no mar é vencido pela experiência da fé em Jesus.
2.  A experiência de Deus, mesmo na tribulação, é sempre de serenidade.
3.  Seguir Cristo provoca tensões que exigem cortes, mesmo de coisas boas.
Sobre as ondas           
            A narrativa da tempestade no mar é o pano de fundo que nos explica quanto se pode e deve sofrer para que o Reino de Deus se estabeleça no mundo. O mar agitado simboliza o mundo. A angústia dos discípulos é nossa frágil condição humana no seguimento de Jesus.
            A presença de Jesus dá a segurança, simbolizada em andar sobre as águas. Com Jesus podemos superar todos os sofrimentos e perturbações. Pedro se arrisca sobre as águas, mas com medo do vento, começa a afundar. É bom notar que afunda de uma vez. Há sempre um caminho de fraqueza. Não podemos duvidar. 
            O profeta Elias passa por perturbações, caminha quarenta dias pelo deserto e vai ao encontro de Deus no monte Horeb. Ali Moisés estivera com Deus. Ali tem a forte experiência de encontrar Deus. Não O percebe no vento impetuoso nem no terremoto nem no fogo. Deus estava no murmúrio de uma leve brisa (1Rs 19,11-12). O profeta está a nos ensinar que Deus é sempre tranqüilidade e serenidade, mesmo no meio dos maiores problemas.

            O maior mal é o fechamento do coração. Esse é um rumor que impede de Deus ser ouvido.        

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