Evangelho segundo S. Mateus 17,14-20.
Naquele
tempo, aproximou-se de Jesus um homem, que se ajoelhou diante d’Ele e Lhe disse: «Senhor, tem compaixão do meu filho, porque é epilético e sofre muito; cai
frequentemente no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus
discípulos, mas eles não puderam curá-lo». Jesus respondeu: «Oh geração
incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando terei de vos
suportar? Trazei-mo aqui». Jesus ameaçou o demónio, que saiu do menino e
este ficou curado a partir daquele momento. Então os discípulos
aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe em particular: «Por que motivo não
pudemos nós expulsá-lo?». Jesus respondeu-lhes: «Por causa da vossa pouca
fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé comparável a um grão de mostarda, direis
a este monte: ‘Muda-te daqui para acolá’, e ele há de mudar-se. E nada vos será
impossível».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Tomás Moro (1478-1535), estadista
inglês, mártir
Diálogo sobre o Conforto na Tribulação, I,2
Ninguém pode dar a si mesmo a virtude da fé
[...]; a fé é um dom gratuito de Deus. Como diz S. Tiago, «Toda a boa dádiva e
todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes» (1,17). Assim, pois,
quando sentirmos que a nossa fé enfraquece, rezemos Àquele que no-la pode
fortificar: «Eu creio! Ajuda a minha incredulidade!» (Mc 9,24); e, com os
apóstolos: «Senhor, aumenta a nossa fé» (Lc l7,6). E depois, meditemos nas
palavras de Cristo quando nos diz que, se não queremos que a nossa fé amorne e
até arrefeça ccompletamente, perdendo a sua força pela dispersão dos nossos
pensamentos nas futilidades deste mundo, temos de nos retirar para o nosso
quarto (cf Mt 6,6) e aí reforçar a nossa fé, deixando de dar importância às
ilusões deste mundo.
E, como o grão de mostarda, que é por natureza
ardente, temos de semear a fé no jardim do nosso coração, depois de termos
arrancado dele as ervas más. E a semente crescerá de tal maneira, que as aves do
céu, isto é, os santos anjos, virão fazer morada na nossa alma, e dará o fruto
das virtudes nos seus ramos (cf Mt 13,1s). Então, confiantes na palavra de Deus,
teremos uma segurança firme nas suas promessas e poderemos expulsar no nosso
coração uma montanha de aflições (cf Mt 17,20) ao passo que, se a nossa fé for
fraca e oscilante, nem sequer um montículo deslocará.
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