Graças a Deus, a
Igreja católica abriu a bíblia. O motivo porque o povo foi mantido distante da
bíblia, foi para evitar o erro da reforma protestante que ensinava a
interpretação individual e a idéia que a Escritura é a única forma de conhecer
a fé. Temos também a Tradição da Fé, os Santos Padres, o Magistério, a
Liturgia, a Teologia e o Senso Comum da Fé dos Fiéis. Certo que todas estas
regras da fé concordam entre si e se fundam todos na Escritura. Nesse sentido,
temos que rever um pouco a noção de Bíblia que está correndo entre diversas
Igrejas e parece introduzir-se em grupos cristãos. A Bíblia é o sacrário da Palavra
de Deus. As letras, isto é, os textos são como o sacramento da Palavra. Ali
está guardada a Palavra conforme foi dita aos escritores sagrados. Não podemos igualar
a Bíblia com outros “textos sagrados das religiões”. porque a Palavra está
unida ao próprio Deus, pois chamamos Jesus de A Palavra (Logos). Ela é Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). O texto
guarda a Palavra de Deus que é Luz, é Verdade, é Vida. Além do mais, ela vai
além do texto e não é um texto gravado, pois as letras
humanas não podem conter toda a sabedoria de Deus. Deus continua falando
através de tantos modos. Não vamos conhecer novidades na fé, mas vamos conhecer
a fé como uma contínua novidade. Ela é uma fonte que jorra sempre e fecunda a
terra fazendo produzir a semente, como diz Isaias (55,10-11). Nada domina a Palavra. Por outro
lado ela é acessível a todos, pois tem a força interior que é a presença de
Deus. A Igreja ensina: É Cristo que fala quando se lêem as Escrituras na
Igreja. Somos servidores da Palavra compreendendo-a pela iluminação do Espírito
em concórdia com as regras da fé. Usar a
Bíblia para que fale o que queremos é um atentado. Pedro diz: “Nenhuma profecia
a Escritura resulta de uma interpretação particular” (2Pd 1,20). Diz ainda: “É verdade que
nas cartas de Paulo se encontram alguns pontos difíceis de entender que os
ignorantes e vacilantes torcem, como fazem com as demais Escrituras” (2Pd 3,16).
997. Ler no meio do fogo
Há um elemento
importante para o entendimento da Escritura. A Igreja, às vezes insiste na
leitura espiritual da Bíblia no silêncio, na oração. Bom, mas não é tudo. O
método mais justo para a leitura da Palavra de Deus é a leitura na realidade,
pois foi ali que a Palavra foi gestada, vivida e depois guardada no sacrário da
palavra escrita. Sem isso ela se torna um livro como os outros. Todos os
estudos feitos são magníficos, mas é preciso ir ao escritor sagrado que era um
homem do povo e o povo também é o escritor. Ele viveu a Palavra, por isso ela é
tão boa para nós que somos povo. É no fogo da vida que a Palavra toma o sentido
de luz para a realidade que em que vivemos. A leitura espiritual é ótima, mas
perde força sem a leitura na realidade sofrida do povo. Todos podem enteder,
basta ler.
998. Ler com muitos olhos
A leitura da
Palavra, ou melhor ainda, a escuta da Palavra, acontece na comunidade que se
reúne para buscar a vontade de Deus. Muitos olhos e muitos ouvidos serão aptos
para ouvir com mais atenção a Palavra. Na história do povo de Deus encontramos
diversas vezes a Palavra sendo proclamada na assembléia do povo. O povo se reúne
pelo Espírito Santo e por Ele é iluminado para entender a Palavra no hoje da
história. Jesus sempre falava às multidões. Em particular explicava. Assim, a
palavra devorada vai para o estômago e ali é digerida, como lemos no Apocalipse
(Ap 10,10).
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