PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Vós
sois uma nação santa”
Muitas moradas
No correr destes domingos pascais os evangelistas vão
desenhando a figura da comunidade à luz da Ressurreição de Jesus. Em poucas
palavras, resumem anos de crescimento, inventiva apostólica e respostas às
grandes questões em que a comunidade se colocava. Como não tinham o texto dos
evangelhos e cartas, os cristãos lembravam as palavras de Jesus e, em torno
delas, construíam as orientações, pois eram assíduos aos ensinamentos dos
apóstolos, às reuniões em comum, à fração do pão e às orações (At 2,42). Eram um
evangelho vivo. A comunidade acaba sendo como que um espelho da vida futura.
Jesus diz que há lugar para
todos no céu. Este lugar é cuidadosamente preparado por Ele. O jeito de chegar
lá é estar unido a Ele que é o caminho a verdade e a vida (Jo 14,6). Ele é a estrada
e o espelho do Pai. Quem O vê, vê o Pai. Estar unido a Cristo pela fé é fazer
este caminho, realizar esta verdade e viver esta vida. Deste modo o fiel
participa da vida de Cristo e faz o que Ele fazia e faz mais ainda, pois Jesus,
junto do Pai é a vida do discípulo que acreditou (Jo 14,12).
Comunidade
que cresce
Mas esta comunidade tem que se
organizar na situação em que vive. Os discípulos, interpretando a missão que
Jesus lhes dera, instituem os diáconos para o serviço da comunidade. Comunidade
sem serviços é fantasia. A fé se encarna no mundo em que vivem os discípulos.
Ela é social, encarnada e transformadora. Fé que não olha em volta, não vê
Deus. Fé só de princípios sem prática é murcha, não produz (Tg 2,17). É muito
perigoso explicar a santidade da Igreja tirando-a da realidade. Isso é o que
chamamos de espiritualismo. É o típico modo egoísta de viver a fé. Penso em
mim, e os outros que se danem. Isso não é o modo de vida de Jesus. Ele é o
espelho. Devemos caminhar como caminhou, diz S. João. Esse espiritualismo está
presente em muitos modos de organizar a vida da comunidade e das muitas
espiritualidades, movimento e outros que têm pululado no terreiro da Igreja.
Tirar a fé da realidade é negar a encarnação e vida de Jesus. Ele seguiu seu
povo, mas foi capaz de apresentar uma renovação para que a fé não fosse só
regras, mas fonte de vida. Por isso são necessários os diversos serviços que se
organizam. Esses não são eternos. Podem sofrer mudanças, adaptações e até
surgirem novos serviços.
Santa
e pecadora
Contudo esta comunidade é santa, pois está fundada em
Cristo e unida, como pedras vivas, formando o edifício espiritual. Ela presta
culto a Deus. É sacerdotal. Por estar unida a Cristo e aos outros irmãos, é
santa. O povo de Deus é santo. O santo não é aquele que não erra, mas porque
erra, pode crescer e produzir frutos de conversão. A Prece Eucarística V diz: “Igreja
é santa e pecadora”. Santa, enquanto de Deus; pecadora, enquanto marcada pelo
pecado e em condições de crescer sempre mais. Pecadora porque erra ao viver a
fé misturada com a mentalidade do mundo. Pedro diz em sua carta: “Nela tropeçam
os que não acolhem a Palavra” (1Pd 2,8). Todos os fiéis são chamados à santidade. Cada um a
seu modo e na sua condição de trabalho, estado civil, idade e sabedoria. Deus
quer que todos sejam santos. Para isso abre-nos o caminho através de Cristo,
mas em comunidade, como pedras vivas do edifício espiritual. Essa santidade também deve sair de nossos
conceitos exclusivistas, como só nós tivéssemos a receita. Mas há muita
santidade que não tem nosso carimbo, mas tem a marca de Jesus. Onde existe o
amor aí Deus está.
Leituras: Atos 6,1-; Salmo 32; 1Pedro 2,4-9;João 14,1-12
1.
Após a Ressurreição de Jesus os discípulos se reúnem em
comunidade para ouvir a palavra, rezar, celebrar a Eucaristia (partir o pão) e
confraternizar.
2.
Para o desenvolvimento da comunidade criam-se serviços
que devem sempre estar em evolução.
3.
A Igreja é santa
da parte de Deus e pecadora da parte humana. Deve sempre se converter.
Caminho sem atalho
Jesus foi para o
Céu e logo recebeu um servicinho: preparar um lugar para nós. Ele quer que
estejamos com Ele. E prometeu, que assim que arrumar lugar vem nos buscar.
Como é que vai nos levar? Pelo caminho. Não conhecemos o
caminho, disse o apóstolo Tomé. Jesus é claro: Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida. Quem O segue pela Verdade vai ter a Vida. E afirma: não há outro caminho
para ir ao Pai senão Ele.
Somos como um edifício que O tem como alicerce. Somos
Pedras vivas, que unidas formam o edifício espiritual. Quem não crê Nele
tropeça e cai. Quem O aceita é raça escolhida, sacerdócio do Reino e nação
santa.
Essa comunidade espiritual também tem necessidades
humanas que devem ser resolvidas pela comunidade. É o que vemos na escolha dos
diáconos para uma solução do atendimento aos pobres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário