PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Visão da Glória”
Purificado o olhar da fé
No primeiro domingo
da Quaresma contemplamos as tentações de Jesus. A apresentação das tentações
permite sentir a fragilidade de Jesus e a insegurança sobre a vida cristã. Os
discípulos, vendo o sofrimento e a morte de Jesus, necessitavam de contemplar
também sua glória para superar todo sofrimento. Agora vivemos a serenidade de
sua transfiguração. Estava tão bom que Pedro disse: “É bom estarmos aqui”.
Nossa fé não é só passar por tentação. “É alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14,17). Esse
evangelho mostra o futuro glorioso da Ressurreição, depois de passada a Paixão
dolorosa. Jesus se mostra transfigurado e glorificado. Assim serão seus
discípulos. Um ensinamento do evangelho é a centralidade de Jesus no Novo
Testamento: “Aparecem Moisés e Elias falando com Ele” (Mt 17,3). Jesus de agora em diante é a
Lei e a Profecia. Não há outro a ser ouvido. Certamente os primeiros cristãos
ainda estavam ligados demais à lei antiga. Isso se nota no desejo de Pedro de
construir três tendas, quer dizer, viver ainda o Antigo Testamento. A
Transfiguração é uma alerta aos cristãos que querem fazer um cristianismo com o
espírito do Antigo Testamento sem a novidade de Jesus. O Pai ensina que agora,
quem fala é Jesus, o Filho Amado. Por isso, “escutai-O!”. A vida cristã é um
processo de transformação. Purificado o olhar de nossa fé (oração), nós vamos à
verdade de Jesus. Não podemos fazer um
cristianismo sem Jesus, baseado só em fórmulas, idéias e teorias. Cristianismo
é aceitação de uma pessoa muito concreta: Jesus. É Ele que deve orientar nossa
vida. Toda espiritualidade deve partir do conhecimento de Cristo e da
transformação de nossa vida na sua.
Vocação Santa
A vida cristã tem como vocação nossa
transformação em Cristo. A partir do momento em que aceitamos Jesus, iniciamos
essa transfiguração. O que aconteceu com Jesus é figura da Ressurreição. Sua
Ressurreição em nossa vida realiza esta transfiguração. Já participamos na
terra das coisas do céu (pós-comunhão).
Não vivemos de novidades, mas batalhamos como Jesus o fez. Ele sempre fez o que
o Pai mandou fazer (Jo
5,36). Sofremos pelo Evangelho, como Paulo convida a Timóteo: “Sofre
comigo pelo evangelho, fortificado pela graça de Deus” (2Tm 1,8b). O sofrimento não é a dor,
mas o empenho de crescer e se transformar em Cristo. O processo de
transformação é interior e silencioso. Deus age em nós no silêncio de seu
Espírito. Ele nos conforma a Cristo de modo a sermos uma apresentação viva de
sua pessoa e missão. Todo agir será modelado a partir dessa experiência
pessoal. Não se doa totalmente quem não foi totalmente transformado.
Ouvir o Filho
Rezamos:
“Alimentai nosso espírito com vossa palavra... para que nos alegremos com a
visão de vossa glória” (Oração).
A solução que o evangelista Mateus sugere para superar a tentação de voltar
atrás é ouvir a Palavra do Filho. Ouvindo a Palavra participamos do amor que o
Pai tem pelo Filho, o Dileto. A transformação é realizada pelo esforço, mas
também pela graça. Esta é o fruto dos sacramentos que celebramos, de modo
particular a Eucaristia. “Estas oferendas nos transfiguram interiormente para
celebrarmos a Páscoa” (oferendas).
Celebrar a Páscoa em cada Eucaristia é ser transformado para continuar a missão
de anunciar. Superada a primeira “crise” da Quaresma que foram as tentações,
somos estimulados e celebrar com intensidade a Ressurreição, preparando-a
através da celebração dos sacramentos pascais, Batismo, Crisma e Eucaristia.
Leituras: Gênesis 12,1-4ª; Salmo 32; 2 Timóteo 1,8b-10; Mateus 17,1-9
1. A
transfiguração de Jesus lembra que, se temos pecado, temos uma esperança na
mudança radical como foi em Jesus. Ele foi morto, mas a Ressurreição trouxe a
vida. Basta ouvir o Filho.
2. O processo de transformação é lento, interior
e silencioso.
3. Ouvir a Palavra é um processo que inicia a
renovação para chegar à transfiguração.
Conta de luz!
Todos os anos
iniciamos a Quaresma, caminhada para a Páscoa, com os evangelhos da tentação e
da transfiguração. O pecado, que é
treva, é vencido por Cristo que é luz. Ele fez brilhar a vida e a imortalidade.
Jesus aparece em sua condição de ressuscitado: brilhante.
Está em Deus. Foi muito bom. Os discípulos assim não pararam nas trevas de sua
Morte, mas na luz de sua Ressurreição. Estavam na presença de Deus, com Moisés
e Elias.
Para que se realize em nós essa transformação de trevas
em luz, é preciso ouvir a palavra do Filho: “Escutai-o”. Mesmo que tenhamos o
sofrimento pelo evangelho (2Tm
1,8b).
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