Evangelho segundo S. Mateus 20,17-28.
Naquele
tempo, enquanto Jesus subia para Jerusalém, chamou à parte os Doze e durante o
caminho disse-lhes:«Vamos subir a Jerusalém e o Filho do homem vai ser
entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que O condenarão à morte e O entregarão aos gentios, para ser por eles escarnecido, açoitado e
crucificado. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitará». Então a mãe dos filhos
de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e prostrou-se para Lhe fazer um
pedido. Jesus perguntou-lhe: «Que queres?». Ela disse-Lhe: «Ordena que estes
meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua
esquerda». Jesus respondeu: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o
cálice que Eu hei-de beber?». Eles disseram: «Podemos». Então Jesus
declarou-lhes: «Bebereis do meu cálice. Mas sentar-se à minha direita e à minha
esquerda não pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem meu Pai o
designou». Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com os dois
irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações
exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja
vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo. Será como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e
dar a vida pela redenção dos homens».
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
Beato Tito Brandsma
(1881-1942), carmelita holandês, mártir
A Mística do sofrimento
Jesus declarou-Se cabeça do corpo místico,
de que nós somos os membros. A vinha é Ele; os sarmentos somos nós (Jo 15,5).
Ele estendeu-Se no lagar e começou a pisar as uvas; deu-nos assim o vinho para
que, ao bebê-lo, pudéssemos viver a partir da sua vida e partilhar dos seus
sofrimentos. «Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz
dia após dia e siga-Me. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da
vida. Eu sou o Caminho. Dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais
também» (Lc 9,23; Jo 8,12; 14,6; 13,15). E, como os próprios discípulos não
compreendiam que o seu caminho deveria ser de sofrimento, Ele explicou-lho,
dizendo: «Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?»
(Lc 24,26)
Então, o coração dos discípulos ardeu (v. 32). A Palavra de
Deus inflamou-os. E, quando o Espírito Santo desceu sobre eles como chama divina
para os abrasar (At 2), ficaram cheios de alegria por terem sofrido desprezos e
perseguições (At 5,41), pois assim assemelhavam-se Àquele que os tinha precedido
no caminho do sofrimento. Os profetas já tinham anunciado este caminho de
sofrimento de Cristo e os discípulos compreenderam, por fim, que Ele não o tinha
evitado: da manjedoura ao suplício da cruz, a pobreza e a falta de compreensão
tinham sido o seu quinhão. Ele tinha passado a sua vida a ensinar aos homens que
o olhar de Deus sobre o sofrimento, a pobreza e a falta de compreensão dos
homens é diferente da vã sabedoria deste mundo (cf 1Cor 1,20). [...] Na cruz
está a salvação. Na cruz está a vitória. Deus assim quis.
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