quinta-feira, 13 de outubro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “De volta à casa do Pai”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Festa que se aproxima
               Quando alguém grita no meio da escuridão: “Estou vendo uma luz!”. Dá-se um suspiro de alívio e de alegria. Chegamos! No meio da Quaresma, a liturgia anuncia que se veem os primeiros raios da aurora da Páscoa que se aproxima! Os judeus entraram no país e comeram a Páscoa na terra prometida. S. Paulo anuncia a reconciliação que Deus faz conosco, fazendo-nos novas criaturas. O Evangelho descreve a festa da acolhida ao filho que “estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado”. Deus busca o que está perdido. Lembramos a parábola da ovelha perdida. O fruto da conversão é a reconciliação com Deus. Deus acolhe os perdidos. Na parábola, o irmão que não acolhe o irmão que errara, simboliza os fariseus não acolhem os fracos e pecadores e por isso criticam o que Jesus fazia. O filho que saíra de casa cai na pior situação que podia existir a uma pessoa do povo judeu: foi cuidar dos porcos e nem sua comida podia comer. Era o fim. A decisão de voltar, que simboliza a conversão, restitui-lhe a vida e todos os bens. A festa da Páscoa que se aproxima é o momento de revestir-nos da alegria da redenção e celebrá-la na liturgia. A Igreja precisa privilegiar os momentos da alegria que está no coração do povo por conhecer a Deus, por viver na comunidade e por lutar por uma vida melhor. Uma Igreja que não promove esta alegria, não tem direito a sobreviver.
Celebrar a Páscoa na liberdade.
               “Deixai-vos reconciliar com Deus!” (2Cor 5,20). Este é o grito da Quaresma. Reconciliados, podemos celebrar a Páscoa na liberdade de filhos.  Conversão é exigente. Deus tem pressa, mas espera por nós. Por 40 anos o povo vagou pelo deserto procurando a terra prometida. Não que Deus não tenha dado o suficiente para entrarem logo na Pátria. O povo precisou conhecer o abandono para acolher com inteireza o dom da terra. Eles recebiam o maná, vindo do céu. Ao entrarem na terra o maná parou de cair. Não nos damos conta que nos momentos difíceis somos alimentados por Deus. Nos momentos fáceis cuidamos e achamos que Deus nos abandonou. Celebrar na liberdade e na posse da terra, significou estabelecer as bases do futuro Reino. O povo não vive mais de milagres, mas constrói com suas mãos. A Páscoa é o centro da vida cristã, a nova terra. Celebrar a Páscoa não é só assistir uma missa mais comprida. Ela está presente em todos os momentos e ações em que vivemos. Tudo é pascal, é passagem.
Novas criaturas
               O retorno do filho perdido à casa é símbolo da conversão que não é somente sair de uma situação de pecado, mas é principalmente, volta à vida nova na casa paterna, símbolo do Reino e da Graça. Ali se dá a festa na casa do Pai. Seremos novas criaturas no momento em que reconhecermos nossa situação. Aí sim podemos nos converter. Se não tivermos consciência de nossa situação, como nos converteremos? O filho mais velho esteve sempre com o Pai e não percebeu o bem que vivia e por isso não entendeu seu gesto amoroso que acolhe sem cobranças. O acolhimento é o compromisso de continuar a missão de acolher com misericórdia os fragilizados e anunciando a reconciliação: “Nós vos suplicamos: ‘Deixai-vos reconciliar com Deus’” (2Cor 5,20).

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