Quando
alguém grita no meio da escuridão: “Estou vendo uma luz!”. Dá-se um suspiro de
alívio e de alegria. Chegamos! No meio da Quaresma, a liturgia anuncia que se veem
os primeiros raios da aurora da Páscoa que se aproxima! Os judeus entraram no
país e comeram a Páscoa na terra prometida. S. Paulo anuncia a reconciliação
que Deus faz conosco, fazendo-nos novas criaturas. O Evangelho descreve a festa
da acolhida ao filho que “estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi
encontrado”. Deus busca o que está perdido. Lembramos a parábola da ovelha
perdida. O fruto da conversão é a reconciliação com Deus. Deus acolhe os
perdidos. Na parábola, o irmão que não acolhe o irmão que errara, simboliza os
fariseus não acolhem os fracos e pecadores e por isso criticam o que Jesus
fazia. O filho que saíra de casa cai na pior situação que podia existir a uma
pessoa do povo judeu: foi cuidar dos porcos e nem sua comida podia comer. Era o
fim. A decisão de voltar, que simboliza a conversão, restitui-lhe a vida e
todos os bens. A festa da Páscoa que se aproxima é o momento de revestir-nos da
alegria da redenção e celebrá-la na liturgia. A Igreja precisa privilegiar os
momentos da alegria que está no coração do povo por conhecer a Deus, por viver
na comunidade e por lutar por uma vida melhor. Uma Igreja que não promove esta alegria,
não tem direito a sobreviver.
Celebrar a Páscoa na liberdade.
“Deixai-vos
reconciliar com Deus!” (2Cor
5,20). Este é o grito da Quaresma. Reconciliados, podemos celebrar a
Páscoa na liberdade de filhos. Conversão
é exigente. Deus tem pressa, mas espera por nós. Por 40 anos o povo vagou pelo
deserto procurando a terra prometida. Não que Deus não tenha dado o suficiente para
entrarem logo na Pátria. O povo precisou conhecer o abandono para acolher com
inteireza o dom da terra. Eles recebiam o maná, vindo do céu. Ao entrarem na
terra o maná parou de cair. Não nos damos conta que nos momentos difíceis somos
alimentados por Deus. Nos momentos fáceis cuidamos e achamos que Deus nos
abandonou. Celebrar na liberdade e na posse da terra, significou estabelecer as
bases do futuro Reino. O povo não vive mais de milagres, mas constrói com suas
mãos. A Páscoa é o centro da vida cristã, a nova terra. Celebrar a Páscoa não é
só assistir uma missa mais comprida. Ela está presente em todos os momentos e
ações em que vivemos. Tudo é pascal, é passagem.
Novas criaturas
O retorno do filho perdido à casa
é símbolo da conversão que não é somente sair de uma situação de pecado, mas é
principalmente, volta à vida nova na casa paterna, símbolo do Reino e da Graça.
Ali se dá a festa na casa do Pai. Seremos novas criaturas no momento em que
reconhecermos nossa situação. Aí sim podemos nos converter. Se não tivermos
consciência de nossa situação, como nos converteremos? O filho mais velho
esteve sempre com o Pai e não percebeu o bem que vivia e por isso não entendeu seu
gesto amoroso que acolhe sem cobranças. O acolhimento é o compromisso de
continuar a missão de acolher com misericórdia os fragilizados e anunciando a
reconciliação: “Nós vos suplicamos: ‘Deixai-vos reconciliar com Deus’” (2Cor 5,20).
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