Evangelho segundo S. Lucas 11,47-54.
Naquele
tempo, disse o Senhor aos doutores da lei: «Ai de vós, porque edificais os
túmulos dos profetas, quando foram os vossos pais que os mataram. Assim dais
testemunho e aprovação às obras dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós
levantais os monumentos. É por isso que a Sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes
enviarei profetas e apóstolos; e eles hão de matar uns e perseguir outros’. Mas Deus vai pedir contas a esta geração do sangue de todos os profetas, que
foi derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue
de Zacarias, que pereceu entre o altar e o Santuário. Sim, Eu vos digo que se
pedirão contas a esta geração. Ai de vós, doutores da lei, porque tirastes a
chave da ciência: vós não entrastes e impedistes os que queriam entrar!». Quando Jesus saiu dali, os escribas e os fariseus começaram a persegui-l’O
terrivelmente e a provocá-l’O com perguntas sobre muitas coisas, armando-Lhe
ciladas, para O surpreenderem nalguma palavra da sua boca.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Severiano de Gabala (?-c. 408), bispo
da Síria
Homilia sobre Caim e Abel
«Um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12,
24)
Caim e Abel pareciam honrar a Deus com culto
idêntico, mas na realidade apresentavam as suas oferendas com disposições bem
diferentes: as do mais velho pareciam ser apenas um dom, enquanto as do mais
novo davam testemunho da sua reverência e piedade. Daí nasceram os sentimentos
de inveja [...], que resultaram no assassínio de Abel (Gn 4,3s). [...]
Vejo no santo Abel a imagem de Cristo. Claro que o Salvador é o Justo
por excelência [...] mas, de entre todos os homens da Antiga Aliança, o príncipe
da justiça é Abel. [...] Aliás, o próprio Salvador posicionou Abel à cabeça da
linha dos justos quando disse aos Judeus: «Deus vai pedir contas a esta geração
do sangue de todos os profetas, que foi derramado desde a criação do mundo,
desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o
santuário.» [...]
Coisa admirável: porque foi o primeiro a combater pela
justiça, Abel teve a honra de ser o primeiro a sofrer pela piedade. Ele é
verdadeiramente a prefiguração de Cristo, que foi condenado à morte por causa da
verdade. O sangue de Abel anuncia o sangue de Cristo: ele clama à terra (Gn
4,10). O sangue do Senhor também clama, mas o sangue de Abel era suplicante,
enquanto o de Cristo opera a reconciliação com o mundo. [...] O apóstolo Paulo,
lembrando um e de outro, declara a superioridade do sangue de Cristo quando
escreve: «Vós porém aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, da
Jerusalém celeste, de miríades de anjos, da reunião festiva, da assembleia dos
primogénitos inscritos nos céus, do Juiz que é o Deus de todos, dos espíritos
dos justos que atingiram a perfeição, de Jesus, o Mediador da Nova Aliança e de
um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12,22-24). [...] Sim,
este sangue fala, suplica pelos pecadores, intercede pelo mundo. O sangue de
Cristo purifica realmente o mundo; o sangue de Cristo é a redenção dos homens.
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