A liturgia da Quaresma reflete sobre a conversão. Ela é um convite de
Deus que faz. Nossa resposta terá sempre os auxílios necessários para fazer o
caminho de volta. Deus é como alguém que
coloca adubo na árvore para que dê fruto (Lc 13,8-9). Notemos que ninguém deixa o mal,
a não ser com a graça do Deus clemente que vê nosso sofrimento, tem paciência e
dá chances para que resolvamos produzir frutos. Na Quaresma retomamos a
história do Povo de Deus para compreender o caminho da Páscoa. O Egito é
símbolo da opressão, como é também símbolo do mal que está em nós. A libertação
do Egito é uma catequese importante na Quaresma. O pecado é um sofrimento e uma
prisão que fere o coração. Deus não está ausente e vê nossa dor, como viu o
sofrimento do povo na escravidão e tomou a atitude para libertá-lo. Deus se
revelou a Moisés como o Pai que vê o sofrimento e desce para libertar e
conduzir para uma terra boa (Ex 3,7-8). Ao ver as prisões que sofremos, mostra sua face
clemente, compassiva e cheia de misericórdia, pois é um Deus não quer a morte
do pecador, mas que se converta e viva (Ez 18,23).
Deus enxerga a dor que o mal faz em nós. Ele continua presente, hoje, com sua
misericórdia e clemência libertando-os do mal e das dores do mundo. É a Páscoa
que continua. A celebração da Quaresma e da Páscoa anima-nos a buscar um novo
modo de viver. Sem isso continuaremos na escravidão. A terra prometida é um
símbolo da terra nova na qual Jesus nos introduz com sua Páscoa.
Chamados à conversão
A Quaresma não é só um ato de piedade,
mas um estímulo e um modo de restauração universal. Não se trata só do pecado
individual, mas também do social que invade o mundo. Jesus quer libertar, por
isso chama à conversão e à transformação de todos os males. Jesus faz apelo à
conversão contando a parábola da figueira que não produzia frutos. Ameaça
inclusive cortar a árvore. Mas... a paciência de Deus é maior. Dá os auxílios
necessários para que façamos nossa parte. Se não houver a conversão não vamos
sobreviver. Mesmo na fragilidade podemos contar com os auxílios de Deus que
espera pelos frutos. Os que sofrem certos males e acidentes, não estão pagando
pecado, mas todos devem se converter (Lc 13,1-5). Um desastre não está ligado a um plano de Deus.
Pode ser um exemplo, um estímulo ou um questionamento que nos é feito. A
Palavra de Deus ensina, fortalece, estimula e nos leva a fazer nossa Páscoa com
Jesus.
Um compromisso de quem crê
A conversão não é um ato solitário,
falando baixinho ao ouvido do padre, mas é comunitário, pois o mal atinge as
pessoas e as comunidades. As escravidões continuam presentes no mundo. Invadem
as pessoas, as estruturas e as sociedades. Deus fará a salvação do mundo em
todas as dimensões através dos que creram, pois, mortos com Cristo e
ressuscitados com Ele (Rm 6,8), continuam
sua presença e missão no mundo. Nós, novos pelo batismo, somos os instrumentos
da justiça (Rm 6,13). O compromisso de
quem crê é enxergar a dor como Deus vê, com sua compaixão e sua clemência.
Moisés acolhe o projeto de Deus para o povo e enfrenta as dificuldades para
libertá-lo, pois compartilha de sua misericórdia. O tempo penitencial evoca-nos
sempre o projeto de conversão. Em cada Eucaristia, que é momento de conversão,
temos no ato penitencial uma chamada particular.
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