Evangelho segundo S. Lucas 11,37-41.
Naquele
tempo, depois de Jesus ter falado, um fariseu convidou-O para comer em sua casa.
Jesus entrou e tomou lugar à mesa. O fariseu admirou-se, ao ver que Ele não
tinha feito as abluções antes de comer. Disse-lhe o Senhor: «Vós, os
fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio
de rapina e perversidade. Insensatos! Quem fez o interior não fez também o
exterior? Dai antes de esmola o que está dentro e tudo para vós ficará
limpo».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
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Comentário do dia:
Balduíno de Ford (?-c. 1190), abade cisterciense, depois bispo
Homilia 6, sobre a Carta aos Hebreus
«Limpais o exterior. [...] Quem fez o interior não fez também o
exterior?»
O Senhor conhece os pensamentos e as
intenções do nosso coração. Ninguém duvida de que Ele os conhece de facto a
todos, mas nós só conhecemos os que Ele nos torna manifestos pela graça do
discernimento. Porque o espírito do homem nem sempre sabe o que há nele; e mesmo
quando se trata dos seus próprios pensamentos, sejam eles queridos ou não, tem
deles uma ideia que nem sempre corresponde à realidade. Nem os que se apresentam
com evidência aos olhos do espírito discerne com precisão, tão obscurecido está
o seu olhar.
Com efeito, acontece frequentemente, por uma razão humana
ou procedente do tentador, deixarmo-nos levar pelo pensamento para aquilo que é
só aparência de piedade e que, aos olhos de Deus, não merece de maneira nenhuma
a recompensa prometida à virtude. É que há coisas que podem apresentar o aspeto
de verdadeiras virtudes, como também de vícios, e enganar os olhos do coração.
Pelas suas seduções, podem perturbar a visão da nossa inteligência ao ponto de
muitas vezes lhe fazer tomar por um bem realidades que realmente são más, e
inversamente, levá-la a ver um mal onde, na verdade, não existe. É um aspeto da
nossa miséria e da nossa ignorância que muito precisamos de deplorar e
grandemente de temer. [...]
Quem pode verificar se os espíritos procedem
de Deus a não ser que tenha recebido de Deus o discernimento dos espíritos?
[...] Este discernimento é a fonte de todas as virtudes.
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