O
Advento traz-nos o vento da esperança. É
o começo de um novo ano litúrgico, isto é, de uma nova etapa de nossa vida no
Mistério de Cristo. Temos duas temáticas neste tempo: A última vinda de Cristo,
descrita no apocalipse de Lucas, e a celebração da vinda do Filho na carne,
isto é, o nascimento de Jesus. Neste primeiro domingo somos instruídos sobre sua vinda no fim dos tempos. Depois
refletiremos sobre a missão de João Batista que prepara a vinda do Messias. A expressão
vir sobre as nuvens indica a presença
da divindade na ação do Espírito Santo. Pensamos na vinda de Cristo como o
castigo final, no qual haverá o acerto de contas. Todavia, se trata da
libertação dos fiéis. A glorificação de Cristo lhe confere todo o poder e glória.
No clima da segunda vinda, encontramos a exortação à vigilância. Como é
desconhecida a hora de sua vinda, somos convocados pelo evangelista a “ficar
atentos e orar em todo o momento, a fim de termos força para escapar de tudo o
que deve acontecer e para ficar em pé diante do Filho do Homem” (21,36). É o tempo da virtude da esperança dos
bens futuros. Quando se fala de sua vinda, fala-se da recompensa aos eleitos.
Este pensamento deve animar, os que O esperam, a viver os bens futuros no
dia-a-dia. As promessas são garantidas pela fé, como se lê na carta aos
Hebreus: “A fé é um modo de já possuir o que se espera, um meio de conhecer as
realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
Somos convocados a tirar o véu que impede os olhos da fé de verem os valores da
vida presente que semeiam para a vida que dura para sempre.
Amar
o que é do Céu
Quando
o evangelista Lucas convida a levantar a cabeça e ficar de pé (Lc 21,34-36), faz um apelo à vigilância “não no
sentido de expectativa de algo que está para acontecer, mas vigilância como
discernimento do que leva ou não ao
projeto de Deus” (Pe. Bortoline). Amar o
que é do Céu é viver intensamente o amor mútuo que transborde sempre mais (1Ts 3,12). O apóstolo estimula os cristãos à
santidade: “Assim Ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito
aos olhos de Deus” (3,13). O tempo do
Advento é tempo de animar-se a colocar em prática o que Jesus ensinou. Isso é
estar vigilante. É muito saudável, neste tempo, preocupar-se com uma ação
social, caridade em ato, que promova as pessoas, pois foi isso que Jesus fez ao
nascer: veio dar vida para todos, de modo particular para os humilhados e esquecidos
da sociedade.
Corações
sensíveis
O
que mais prejudicou o povo de Deus ao longo da história e prejudicou a fé dos
cristãos, foi a insensibilidade. Por que ficamos insensíveis? O evangelho diz:
“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da
gula, da embriagues e das preocupações da vida” (Lc
21,34). Atualmente vemos tantos corações insensíveis. Muitos pelo
orgulho da ciência. O homem pensa ser Deus. Isso já não deu certo. Outros pela
ganância dos bens materiais e pelo afogamento nos vícios. O remédio para esses
males é a oração permanente: “Ficai atentos e orai em todo momento, a fim de
terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer” (36). Quer dizer: que a vida seja voltada para Deus, onde ela acontece.
A liturgia faz sensíveis nossos corações.
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