Evangelho segundo S. Lucas 6,6-11.
Naquele
tempo, Jesus entrou numa sinagoga a um sábado e começou a ensinar. Estava lá um
homem com a mão direita paralítica. Os escribas e fariseus observavam Jesus,
para verem se Ele ia curar ao sábado e encontrarem assim um pretexto para O
acusarem. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse ao homem que
tinha a mão paralítica: «Levanta-te e põe-te de pé, aí no meio». O homem
levantou-se e ficou de pé. Depois Jesus disse-lhes: «Eu pergunto-vos se é
permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la». Então
olhou para todos à sua volta e disse ao homem: «Estende a mão». Ele assim fez e
a mão ficou curada. Os escribas e fariseus ficaram furiosos e começaram a
falar entre si do que haviam de fazer a Jesus.
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Aelredo de Rievaulx
(1110-1167), monge cisterciense
«Espelho da Caridade», III, 3-6
Entrar na verdadeira paz do sábado
Quando, afastando-se do ruído exterior, o
homem se recolhe no segredo do seu coração e fecha a porta à multidão barulhenta
das vaidades, quando nada mais tem em si que seja agitado e desordenado, nada
que o importune, nada que o atormente, dá-se a feliz celebração de um primeiro
sábado. Mas também pode abandonar este refúgio intimo, este albergue do coração,
para entrar no alegre e aprazível repouso da doçura do amor fraterno. Dá-se
então um segundo sábado, o sábado da caridade fraterna.
Uma vez
purificada nestas duas formas de amor [de si mesma e do próximo], a alma aspira
com tanto mais ardor às alegrias do amplexo divino quanto mais segura se sente.
Ardendo com um desejo extremo, passa para o outro lado do véu da carne e,
entrando no santuário (Heb 10,20), onde Cristo Jesus é espírito diante da sua
face, é totalmente absorvida por uma luz indizível e por uma invulgar doçura.
Tendo feito silêncio relativamente a tudo quanto é corpóreo, sensível e mutável,
fixa com um olhar penetrante Aquele que é, Aquele que é sempre o que é, idêntico
a Si mesmo, Aquele que é uno. Livre e capaz de ver que o próprio Senhor é Deus
(Sal 45,11), celebra sem qualquer hesitação o sábado dos sábados, no doce
amplexo da própria Caridade.
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