segunda-feira, 5 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Ser feliz com o outro”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1774. O bem do outro
O matrimônio tem crescimento que vai ao seu definitivo que se encontra em Deus. Não se pode exigir do casal uma perfeição imediata, para se dizer que está correspondendo, pois é limitado (AL 122). Por isso temos um caminho de virtudes seguindo as orientações da Exortação Apostólica de Papa Francisco, Amoris Laetitia – A Alegria do Amor. O Papa reflete sobre a caridade em suas diversas manifestações, como nos apresenta S. Paulo em 1ª Coríntios 13,4-7. Refletimos sobre a paciência. Agora abordamos a liberdade que o amor dá diante do outro. Há necessidade, antes do casamento, de se conhecer profundamente a pessoa amada com a qual se quer viver uma vida. Sabemos que se ocupa pouco tempo no conhecimento do parceiro para saber se poderão levar adiante tão sublime modo de vida. Uma coisa é o conhecimento superficial e outra é o dia a dia quando realmente um se manifesta ao outro em sua realidade. Quando fala de ciúme e de inveja, Papa Francisco explica que cada um está voltado para si. Certamente que a imaturidade do cônjuge pode levar a provocar situações desagradáveis. O que amadurece um matrimônio é o esforço de cada um em promover o outro. O que há no outro é sempre um dom a ser acolhido. Por isso “aprecia os sucessos alheios e não os sente como ameaça. Libertando-se do amargor e da inveja” (AL 95). Dizia uma preciosa tia em minha família: “Para quem ama, o mau odor é perfume”. Conhecemos o estrago que o ciúme e a inveja fazem dentro do casamento. Preciosa riqueza é a complementaridade na mútua aceitação das diferenças.
1775. Vendo com os olhos de Deus.
              A grande diferença que pode haver no matrimônio estruturado no amor de Deus de outro fundado só nas condições humanas, está nesta afirmação do Papa: “Amo aquela pessoa, vendo-a com o olhar de Deus Pai, que dá tudo ‘para nosso bem’(2ª Tm 6,17) e consequentemente aceito, no meu íntimo, que ela possa usufruir de um momento bom” (AL 96). Isto é alegrar-se com o bem do outro. Esse modo de ser leva também à preocupação com o outro que precisa ser cuidado. Ver com os olhos de Deus, induz a ver-nos como Deus nos vê, não se colocando como centro. Pior ainda é fazer-se mais do que é, tanto na espiritualidade como no conhecimento. Falando grosseiramente, isso acontece quando temos o costume de ter os outros como ignorantes. Dentro do casamento é uma desgraça. É aquela frase: “você não sabe nada”. Achata, amassa e destrói a outra pessoa. É certo que os verdadeiros sábios sempre sabem aprender dos outros e ensinar com respeito e educação. A vida da família se torna uma escola. Isso me faz lembrar meu papai que sempre me punha em aperto perguntando o significado de palavras. Gostava de saber o que os filhos estavam fazendo em seus empreendimentos. Uma vez, lá no sertão de Goiás, vi um menino pequeno perguntando ao pai como funcionava um motor. E pai explicou com muito detalhe.
1776. Amor que constrói
            “O que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida, integra e está atento aos fracos”. Paulo critica esses que “se encheram de presunção” (1 Cor 4,18). Papa Francisco conclui: “na realidade, tem mais palavreado que verdadeiro ‘poder’ do Espírito (1Cor 4,19). A humildade no trato faz parte do amor e cura o orgulho do poder. Maior sempre será aquele que serve mais. Pedro nos adverte: “Revesti-vos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes” (1Pd 5,5).

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