PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Dou minha vida
No capítulo 10
do Evangelho de João lemos a maravilhosa expressão de Jesus sobre si mesmo: “Eu
sou o bom pastor” (Jo. 10,11). No Antigo
Testamento Deus é chamado de “Pastor de Israel” (Sl
80,1). Ele vai pastorear seu povo (Ez
34,1ss) Jesus, ao dizer Eu Sou
o Bom Pastor, coloca-se em igualdade com Pai que dá vida e liberta. O povo
conheceu o Deus que libertou o povo do Egito, conduziu pelo deserto e introduziu
na terra prometida. É um Deus comprometido com o povo. Deus cuida de seu povo. Ser
pastor é uma obra de amor, pois existe uma convivência permanente entre pastor
e ovelhas. Se Jesus se põe como o Bom Pastor, é porque existem os maus pastores
que exploram as ovelhas e as conduzem por maus caminhos. São mercenários que
fogem no perigo. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. Dar a vida é estar a
serviço. O serviço de Jesus é dar a vida pelas ovelhas. A missão redentora de
Jesus é dar a vida, protegê-la e curá-la e defendê-la dos maus pastores. As
políticas sociais e religiosas, muitas vezes, são mercenárias e sacrificam as
ovelhas em proveito próprio. Jesus tinha compaixão do povo, pois “eram como
ovelhas perdidas sem pastor” (Mt 9,36). Envia
seus discípulos “como ovelhas entre lobos” (Mt
10,16). Os mercenários são os lobos que as devoram. Jesus, o pastor
ferido, é o modelo para quem serve o povo de Deus. O evangelho mostra a
oposição entre Jesus, o Bom Pastor, e os mercenários que eram os pastores do
povo. Tem a certeza que sua vida doada é garantia de poder retomá-la. Estes mercenários
são os mesmos que, como lemos nos Atos dos Apóstolos (At 4,8-12), interrogam Pedro e João pelo bem que fizeram a um doente.
Conheço minhas ovelhas
Ao dizer “conheço
as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo. 10,14),
Jesus usa um verbo significativo da Escritura que significa conhecimento
a nível nupcial, isto é, de união profunda. É o mesmo verbo usado para conhecer
a Deus. É este o conhecimento que tem com a comunidade: “A relação entre o
Senhor e a comunidade é conhecimento nupcial, de total entrega. É o mesmo amor
que existe entre o Pai e o Filho, no Espírito, fonte e causa do amor pelos
homens”. Este conhecimento é de amor: “Vede que grande presente de amor o Pai
nos deu: de sermos chamados filhos de Deus” (1Jo
3,1). A filiação divina coloca-nos no mesmo relacionamento que Jesus tem
com o Pai. Porque conhece, ama, e dá a vida pelas ovelhas. Por doar a vida, o
Filho tem poder de retomá-la na Ressurreição. O amor vai além e busca as outras
ovelhas que estão fora. Seu amor é universal e acolhe o amor de todos.
Seremos semelhantes a Ele
Pelo conhecimento somos
divinizados pela transformação que o amor realiza em nós. Ele se faz semelhante
a nós para nos fazer semelhantes a Ele. Semelhante não é só aparência. Esta é a
meta do Pastor: Levar-nos a participar de sua vida. Seremos semelhantes a Ele (1Jo 3,2). Nós queremos ver a ação de Deus em
nós de modo visível. Mas, só quando Ele se manifestar é que veremos. Nossa
missão de evangelização é uma obra de amor, pois leva ao conhecimento do
Pastor. Por ela vale a pena doar a vida. Participamos assim da missão do
Pastor. Cada Eucaristia, pela convivência com o Pastor, recebemos a Palavra que
nos converte e o Alimento que nos sustenta e transforma naquele que recebemos.
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