PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
572.
A decisão corajosa
O
Catecismo da Igreja Católica (CIC) descreve as virtudes humanas como “atitudes
firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade
que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões, guiando-nos segundo a razão
e a fé” (CIC 1804). Essas virtudes mostram
nosso lado bom e virtuoso. A virtude é uma disposição para fazer o bem. Por ela
a pessoa tende ao bem. A prudência dá-nos o discernimento que move a escolher o
bem e os meios para realizá-lo. S. Tomás escreve: A prudência é a “regra certa
da ação”. Ela é quem dirige as virtudes
indicando-lhes a regra e a medida. Ela guia o juizo da consciência. O homem
prudente decide e ordena sua conduta seguindo esse juízo. Essa virtude ensina
aplicar os princípios que nos orientam para praticar o bem e evitar o mal (CIC 1778). A prudência humana é fortificada
pela graça divina. Forma o caráter e desenvolve a santidade. Ela é fruto da
bondade do coração. Por isso estimula a buscar meios e caminhos para se
estabelecer relações humanas saudáveis. A prudência não vai se eximir de
assumir o preço do serviço bem. Quem assume o Reino, explica Jesus, deve ter a
prudência de ver se poderá enfrentar os desafios (Lc
14,28-33). Decidido isto, resta enfrentar e não se refugiar numa falsa
segurança. Houve quem dissesse que a prudência, mal compreendida, prejudicou a
Igreja, pois não se pensou com ousadia. Os mártires foram prudentes quando não
negaram a fé em Jesus. Os santos foram prudentes quando deixaram tudo pelo amor
dos pobres, quando partiram para terras distantes, quando se perderam para
ganhar para Cristo, quando não mediram esforços e riscos para amar.
573.
Virtude sem medo
A
virtude da prudência não se confunde com timidez ou medo (CIC 1778). Prudência não é medo, é liberdade e
ousadia. Quando falamos de pessoas prudentes, lembramos aquelas que pensam muito
para tomar uma atitude, julgam todos os riscos que possam enfrentar e os
prejuízos que possam ter. Esta atitude é boa e recomendável, enquanto não tira
a ousadia evangélica de medir nossas atitudes com as exigências do Reino e não é
um disfarce muito bom para esconder o medo ou a inércia espiritual. Na verdade
isso não passa de um belo egoísmo disfarçado em virtude. Dizemos: ‘Desde que
não me complique, está tudo bem’! Se Jesus tivesse pensado assim, até hoje
estaria pescando na Galiléia. Jesus ensina “sermos prudente como as serpentes,
mas simples como as pombas (Mt 10,16). Quer
dizer que devemos estar atentos, mas sem medo. Diz-se que a fé é um pulo no
escuro. Não será no escuro quando a prudência mostra que o risco da fé é maior
garantia do que a segurança da descrença.
574.
Prudência, virtude que olha
A prudência tem uma dimensão muito grande. O homem e a mulher prudentes,
para tomar decisões, não só avaliam a situação mas também analisam a situação
do povo de Deus para promoverem a vida em todas suas dimensões. Como amar, se
não estamos de olhos atentos a ver o que se passa? Vivemos numa sociedade que
prima pela exploração do outro. Como agir corretamente em relação aos outros. A
virtude é o olhar vigilante do amor e da solidariedade que salva. É o amor que
procura assumir para remir. A força da virtude faz-nos sair de nós mesmos e ir
ao encontro das necessidades dos irmãos, com ousadia e sem temor. Jesus tinha
sempre esse olhar de compaixão que levava à tomada de posição. Jesus vai até o
extremo desse amor, não pensando em si, mas caminhando decididamente para
Jerusalém (Lc 9,51). É preciso escolher
metas e assumir com vida.
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