Evangelho segundo S. João 1,19-28.
Foi este o
testemunho de João Baptista, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém
sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: "Quem és tu?"Ele confessou e não
negou: "Eu não sou o Messias". Eles perguntaram-lhe: "Então, quem és tu? És
Elias?" "Não sou", respondeu ele. "És o Profeta?" Ele respondeu: "Não". Disseram-lhe então: "Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que
nos enviaram, que dizes de ti mesmo?" Ele declarou: "Eu sou a voz que clama
no deserto: 'Endireitai o caminho do Senhor', como disse o profeta Isaías". Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: "Então porque
batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?" João
respondeu-lhes: "Eu batizo na água; mas no meio de vós está Alguém que não
conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar
a correia das sandálias". Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão,
onde João estava a batizar.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
João Escoto Erígena (?-c. 870), beneditino irlandês
Homilia sobre o
Prólogo de João, cap. 15
«No meio de vós está Aquele que não conheceis: é Ele quem vem após
mim»
Como é lógico, é o evangelista João quem
introduz João Baptista no seu discurso sobre Deus, «o abismo que atrai o abismo»
à voz dos mistérios divinos (Sl 41, 8): o evangelista conta a história do
precursor. Aquele que recebeu a graça de conhecer o Verbo no princípio (Jo 1, 1)
dá-nos uma lição acerca daquele que recebeu a graça de vir à frente do Verbo
encarnado. [...] Ele não diz simplesmente que houve um enviado de Deus, mas que
houve «um homem». Fala assim para distinguir o precursor, que apenas participa
da humanidade, daquele Homem que, unindo estreitamente em Si a divindade e a
humanidade, veio em seguida; para separar o voz que passa e o Verbo que
permanece para sempre de maneira imutável; para sugerir que um é a estrela da
manhã que aparece na aurora do Reino dos Céus e declarar que o Outro é o Sol da
Justiça que lhe sucedeu (Ml 3, 20). João distingue a testemunha daquele que o
envia, a lâmpada vacilante da luz esplêndida que enche o universo (cf Jo 5, 35)
e que, para todo o género humano, dissipa as trevas da morte e do pecado. [...]
Um homem foi enviado. Por quem? Pelo Deus Verbo que o precedeu. A sua
missão era ser precursor. É num grito que ele envia a Palavra à sua frente: «no
deserto, uma voz grita» (Mt 3, 3). O mensageiro prepara a vinda do Senhor. «O
seu nome era João» (Jo 1, 6): foi-lhe dada a graça de ser o precursor do Rei dos
reis, o revelador do Verbo desconhecido, o que baptiza em ordem ao nascimento
espiritual, a testemunha da luz eterna, pela sua palavra e pelo seu martírio.
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